Descrição de chapéu Opinião

Caneladas do Vitão: Saudade daquilo tudo chato que vivemos!

São Paulo

Brasil está vazio na tarde de domingo, né? Olha o sambão, aqui é o país do futebol... Alô, povão, agora é fé! Sou jornalista desde 1995 e, desde 1998, milito na crônica esportiva. Desde então, o que mais escuto, quando algum leitor, ouvinte, telespectador ou conhecido se aproxima, é “que legal ver jogo de graça”, “você já tirou foto com os jogadores”, “me arruma uma camisa” e similares. Ah, que bobos, nem desconfiam da rotina.

Apesar dos pesares e das diferentes crises atravessadas nessas duas décadas e meia, amo minha profissão e, se pudesse voltar atrás no tempo, faria jornalismo de novo sem pensar duas vezes.

Dito isso, a vida profissional não é só viagem internacional, Copa do Mundo, final de Libertadores, grandes clássicos, entrevistas com estrelas internacionais... Quem olha de fora e enxerga glamour não vê os treinos de sábado de manhã (quase madrugada), as entrevistas insuportáveis de cartolas, os chatíssimos protestos em embarques e desembarques de delegações, as coberturas de trânsito em feriado, o telefonema do empresário picareta fingindo que tem clube interessado no jogador dele...

Gabigol corre para comemorar o seu segundo gol contra o Palmeiras, em duelo do Campeonato Brasileiro no Allianz Parque
Hoje não tem gol do Gabigol - Alexandre Vidal/CRF/Divulgação

Hoje não tem gol do Gabigol, não tem gol perdido pelo Vagner Love, não tem bolinho de carne na casa da aniversariante tia Irene. Hoje não tem jogo para assistir, cobrir, analisar, reclamar que a internet está ruim... Depois de um tempo, até quem a vida inteira lamentou não folgar aos domingos está com saudade de um trânsito parado na radial, de uma internet péssima, de um jogo ruim e de uma entrevista coletiva pós-jogo nonsense.

Vai passar.

O tempo passa

Com tanto tempo livre para revisitar jogos históricos, constatemos: nenhuma seleção brasileira foi mais organizada taticamente que a da Copa de 1970. Parabéns, Zagallo. E nenhuma, nem a de 1990, foi tão bagunçada quanto a de 1998, também sob o comando do Velho Lobo.

José Saramago: “Nada é para sempre, dizemos, mas há momentos que parecem ficar suspensos, pairando sobre o fluir inexorável do tempo”.

Eu sou o Vitor Guedes e tenho um nome a zelar. E zelar, claro, vem de ZL. É tudo nosso! É nóis na banca!

Vitor Guedes
Vitor Guedes

43 anos, é ZL, jornalista formado e pós-graduado pela Universidade Metodista de São Paulo, comentarista esportivo, equilibrado e pai do Basílio

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