O trabalho infantil é proibido. Estudar é um direito de toda criança. E um dever do país com o seu futuro. Não em um certo (autointitulado) país do futebol, onde crianças, de Norte a Sul, são desalojadas da casa dos pais e mal alojadas em algum contêiner, trabalhando desde a infância com o sonho distante de salvar a própria vida e a do restante da família.
O direito do trabalhador de ir e vir é garantido nos países democráticos. Não em um certo (autointitulado) país do futebol, onde o trabalhador, se for torcedor, não pode nem exercer seu direito de cidadão de se deslocar até o estádio.
Muito menos o direito constitucional de manifestação ao ser proibido de vestir a camisa do clube e ainda tem cerceada a liberdade de expressão ao ser impedido de cantar o nome da agremiação de coração na arquibancada do estádio.
A responsabilidade pela segurança do trabalhador é do empregador nos países em que o foco é no cidadão. No (autointitulado) país de futebol, tem jogador que finge que joga, clube que finge que paga e, pior, faz de conta que está preocupado com os seus empregados, mas é o primeiro a abrir as portas do centro de treinamento para os torcedores protestarem e darem um “calor” nos atletas quando os resultados esperados não acontecem.
Em quase todos lugares, quem não recebe tem o direito de fazer greve —e os demais trabalhadores mostram solidariedade e apoio à categoria atingida. No (autointitulado) país do futebol, jogador é tratado como mercenário mesmo quando está com os seus vencimentos atrasados e, na avaliação de muitos, é quase um favor concedido a ele jogar bola, então tem que trabalhar sem reclamar e dar graças a Deus.
Em um país em que um presidente irresponsável debocha da morte de milhares do seu povo e que parte desse mesmo povo vai às ruas defender, além da volta da ditadura, o assassinato de direitos trabalhistas e o fim do sonho de ter uma aposentadoria digna, não é de estranhar que até o trabalho mais invejado e sonhado por 9 entre 10 crianças e familiares, o de virar um jogador de futebol da elite, seja desrespeitado e enxergado sempre pelo viés do empregador.
Simone de Beavouir: “O mais escandaloso dos escândalos é que nos habituamos a eles”.
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