O chefe da polícia, pelo telefone, manda me avisar, que na Carioca tem uma roleta para se jogar"¦ Alô, povão, agora é fé! No país em que folclórica deputada governista oferece vaga no Supremo Tribunal Federal para padrinho de casamento e (agora ex) ministro da Justiça por WhatsApp e antecipa em entrevista de rádio operação da Polícia Federal para cima de governadores inimigos, é muito difícil falar em bom senso e que as instituições estão funcionando. Vale, inclusive, para o futebol.
Mas, no sentido oposto à vergonhosa linha adotada por Flamengo e Vasco, que sujaram as suas histórias ao se alinharem de forma nojenta, interesseira e asquerosa a um governo boçal, o futebol paulista deu uma bola dentro e fez um gol.
Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Santos, em reunião virtual com a Federação Paulista de Futebol, chegaram à conclusão que vidas são mais importantes do que a economia.
Assim, o futebol só voltará a rolar nos gramados do estado de São Paulo quando não houver mais riscos para a saúde das pessoas. Não é brilhante?
A carta aberta assinada por Andrés Sanchez e as posições reiteradas pelo próprio presidente corinthiano, pelo são-paulino Leco, pelo palmeirense Maurício Galiotte e pelo santista José Carlos Peres na reunião não deveriam sequer ser notícia.
Muito menos motivo de elogio. É quase como canonizar uma mãe por ela declarar que a vida dos filhos importa mais do que ir ao salão de beleza ou bater palmas para um pai que acredita que manter o filho matriculado na escola é mais essencial do que levá-lo ao estádio no final de semana.
Mas, como os presidentes de Flamengo e Vasco não se importam em postar foto ao lado do lunático "cloroquiner" que chama a pandemia de "gripezinha" e ainda pressionam para a bola rolar, brindemos os cartolas paulistas por terem o mérito de não embarcarem no "economia acima de tudo, futebol acima da vida de todos".
José Saramago: "De que adianta falar de motivos, às vezes basta um só, às vezes nem juntando todos".
Sou o Vitor Guedes e tenho um nome a zelar. E zelar, claro, vem de ZL. É tudo nosso! É nóis na banca!
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