Descrição de chapéu Opinião

Caneladas do Vitão: Futebol mata nossa ex-língua portuguesa - parte 3

São Paulo

Eu sou o cheiro dos livros desesperados, sou Gita Gogoia, seu olho me olha, mas não me pode alcançar, não tenho escolha, careta, vou descartar... Alô, povão, agora é fé! O estrangeirismo não é o único problema da comunicação no futebol brasileiro. É pandêmica a vontade da “geração hat-trick” passar vergonha abusando do vocabulário “brega-prolixo”!

Após traduzir para o português seis expressões armagedônicas nos dois capítulos anteriores, o professor Pasquale matou no peito e escancarou a beleza da simplicidade. Sigamos a “pentalogia”!

7) JOGO APOIADO

Definição afetada: “Times equilibrados usam a versão equilátera; equipes mal treinadas exibem versões escalenas aleatórias”.

Vitão: “A mesa aqui de casa está com jogo. Aí eu coloco o tamanco da patroa embaixo do pezinho como calço, de apoio, e aí ela para de ficar jogando de um lado pro outro”.

Pasquale: “Frescura pura. Isso nada mais é do que tabelar, entrar com tabelinhas ou triangulações”.

Professor Pasquale dá entrevista ao narrador Renato Corona, da Web Rádio Corona, na Javari
Professor Pasquale dá entrevista ao narrador Renato Corona, da Web Rádio Corona, na Javari, após comemorar uma vitória sobre a Lusa no Campeoanto Paulista da Série-A-2 de 2017 - Web Rádio Mooca/Divulgação

8) TERÇO FINAL

Definição afetada: “Local onde se reproduz o um contra um e onde a equipe que propõe o jogo exerce a pressão alta”.

Vitão: Minha saudosas avós Adélia e Cida, ambas muito católicas e frequentadoras, respectivamente, das igrejas Candelária (Vila Maria-ZN) e São João Batista (Tatuapé-ZL), chamavam o terço final de “extrema-unção”.

Pasquale: “Outra frescura, invencionice pura. Por que não dizer pura e simplesmente ‘ataque’ ou ‘no ataque’? Simples, não?”

9) JOGO REATIVO

Definição afetada: “Oposto ao jogo propositivo. Estratégia baseada em atuar atrás da linha da bola, em marcação baixa e especulando em transições rápidas”.

Vitão: “Velho, tirando futebol e Atari, apesar do meu histórico de atleta, eu só conheço Super Trunfo, truco, dama... O tal reativo não é da minha época, não”.

Pasquale: Outra típica do Professor Pardal. É muito mais razoável dizer ‘jogar no contra-ataque’, ‘jogar na retranca para tentar o contra-ataque’”.

E daí?

Fernando Pessoa: “Eu não escrevo em português. Escrevo eu mesmo”.

Sou o Vitor Guedes e tenho um nome a zelar. E zelar, claro, vem de ZL. É tudo nosso! É nóis na banca!

Vitor Guedes
Vitor Guedes

43 anos, é ZL, jornalista formado e pós-graduado pela Universidade Metodista de São Paulo, comentarista esportivo, equilibrado e pai do Basílio

Assuntos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.