Descrição de chapéu Opinião

Caneladas do Vitão: Futebol mata nossa ex-língua portuguesa - parte 4

São Paulo

E uma aflição medonha me faz implorar o que não tem vergonha, nem nunca terá... Alô, povão, agora é fé! No penúltimo capítulo da “pentalogia analfabetês-português”, o professor Pasquale continua me dando uma mão (“me giving a hand”, como dizem os “berriners” da organizada Newcastle/Vila Olímpia) para explicar os termos usados por quem trata futebol com o amor que o Ricardo Salles (aquele de “passar toda a boiada”) cuida do meio ambiente.

Verbete 10) JOGADOR TERMINAL

Definição afetada: “É o ‘player’ que atua centralizado no terço final e tem a função de finalizar as tramas ofensivas”.

Vitão: “Jogador eu não conheço, não, mas tem o Jabaquara, em Santos, que tem nome de terminal”

Pasquale: “Ué?! Isso não é o velho e bom centroavante, artilheiro, finalizador etc.? Se podemos complicar”...

11) ENTRELINHAS

Definição afetada: “Área compreendida entre a primeira e a segunda linhas defensivas, setor a ser explorado ao propor o jogo quando o um contra um do externo desequilibrante não cria espaços”.

Vitão: “Tem dois sentidos, né. Um é aquele lance que a gente fala sem precisar falar, tá ligado, e o outro é aquilo que fica entre as linhas. Aqui na ZL, entre a linha Parque Dom Pedro-Penha e Belém-Aricanduva tem a entrelinha Brás-Penha”.

Pasquale: “Não consigo achar palavra que traduza com precisão e síntese esse espaço do campo. Será algo como ‘jogar no vazio’ ou ‘jogar entre o volante e os zagueiros’? Lembro-me de Cláudio Coutinho falando do ‘ponto futuro’. Deve ser por aí”.

Protesto de torcedores em frente aos portões do Ct Joaquim Grava.
A irreverência e a linguagem coloquial são características marcantes nos protestos dos torcedores como o realizado pelos corinthianos após a eliminação na Taça Libertadores em 2011 - Robson Ventura - 4.fev.11/Folhapress

12) ASSISTÊNCIA

Definição afetada: “Passe para finalização que resulta em gol”.

Vitão: “No tempo que Dondon jogava no Andaraí, ambulância era dona Assistência; No esporte, é coisa de basqueteiro”.

Pasquale: “Nunca gostei dessa história de assistência, que, salvo engano, veio da NBA para cá. Isso para mim sempre foi passe, passe decisivo, passe para o gol, passe que põe o jogador na cara do gol etc.”

Guimarães Rosa: “No mais, mesmo, da mesmice, sempre vem a novidade”.

Sou o Vitor Guedes e tenho um nome a zelar. E zelar, claro, vem de ZL. É tudo nosso! É nóis na banca!

Vitor Guedes
Vitor Guedes

43 anos, é ZL, jornalista formado e pós-graduado pela Universidade Metodista de São Paulo, comentarista esportivo, equilibrado e pai do Basílio

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