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Caneladas do Vitão: O Dérbi mais triste da história

Corinthians e Palmeiras duelam em um estádio vazio pela primeira vez

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São Paulo

Os foliões são embalados pelo pessoal da bateria, sonho de rei, de pirata e jardineira, pra tudo se acabar na quarta-feira... Alô, povão, agora é fé! É quarta-feira! A quarta-feira mais mórbida e triste da centenária história do maior clássico do futebol paulista.

Chegou o dia do Dérbi sem público! É o armagedon! Estou do mesmo lado da história de Celson Unzelte, jornalista corinthiano e grande preservador da história do futebol, e de José Ezequiel Filho, diretor do Acervo Histórico e Memória do Palmeiras.

Assim como na partida contra o Ituano, o Corinthians vai enfrentar o Palmeiras com sua arena vazia
Assim como na partida contra o Ituano, o Corinthians vai enfrentar o Palmeiras com sua arena vazia - Daniel Augusto Jr. - 15.mar.20/Ag. Corinthians

"Não deveria nem ter jogo, mas, já que vai ter, será o mais triste dos Dérbis", comentou Unzelte.

"Sou totalmente contra a volta do futebol! Eu entendo que o futebol se transformou num grande negócio, são muitas pessoas envolvidas e a roda precisa girar, mas a gente não é uma ilha e está vendo o que está acontecendo", completou Ezequiel.

Enquanto o lunático vendedor de cloroquina travestido de presidente lidera o país (sob o mugido efusivo do gado) rumo a 100 mil mortes da "gripezinha", a bola vai rolar em Itaquera.

"Nós já jogamos em oito cidades diferentes, em 14 estádios. Com certeza, será o Dérbi mais triste dos 103 anos do clássico", hierarquizou Ezequiel.

Unzelte lembrou que apenas por três vezes os arquirrivais duelaram para menos de 10 mil pessoas:
"O menor público: 3.139 pagantes, no dia 16 de agosto de 2000, no Morumbi, uma quarta-feira à noite. Corinthians 1 a 0, gol do Gil, pela Copa João Havelange", diz.

"Segundo menor: 5.702, Corinthians 2 x 3 Palmeiras, 22 de junho de 1969, Morumbi, domingo à tarde: o Santos já era o campeão paulista e o clássico não valia nada. Terceiro menor: 5.865, em 27 de janeiro de 2000, quinta à noite, pelo Torneio Rio-São Paulo, Pacaembu, Corinthians 2 a 1 com os reservas --os titulares tinham sido campeões mundiais e estavam em férias. O quarto menor público já é de 12.575 pessoas, Palmeiras 2 a 0, 9 de outubro de 1988, Brasileiro, domingo à tarde, gols do Gaúcho e do Silvio."

Nem Unzelte, nem Ezequiel, torcedores apaixonados, falaram das quatro linhas. "Daqui a cem anos, falarão do clássico do sem público, do sem respeito, do sem consideração à vida. É com muita tristeza que vejo a realização do clássico", lamentou o historiador verde.

Eu faço coro com Unzelte. "Eu já acho triste uma torcida só. Sou do tempo de uma torcida de frente para a outra, dos corinhos de provocação. Torcida sempre foi a alma do Dérbi. Corinthians e Palmeiras nunca jogaram para ninguém e vão jogar para ninguém nesta quarta."

Palpite? Já perdemos todos!

Karl Marx: "O caminho do inferno está pavimentado de boas intenções".

Sou o Vitor Guedes e tenho um nome a zelar. E zelar, claro, vem de ZL. É tudo nosso! É nóis na banca!

Vitor Guedes
Vitor Guedes

44 anos, é ZL, jornalista formado e pós-graduado pela Universidade Metodista de São Paulo, comentarista esportivo, equilibrado e pai do Basílio.

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