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A bola é um detalhe: Comportamento de Fagner é inaceitável

Gol sofrido pelo Corinthians na derrota para o América-MG demonstra apatia impressionante do ótimo lateral direito alvinegro

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São Paulo

Fagner é um grande jogador. Foi com justiça à última Copa do Mundo e fez um trabalho decente com a camisa da seleção brasileira, apesar das críticas e do que francamente se tornou uma perseguição.

A fama de violento, ainda que não seja uma obra de ficção, é espetacularmente fora de proporção. A campanha contra o lateral direito do Corinthians é tão eficiente que até ele acredita ter sido o responsável em 2016 pela grave contusão de Ederson, do Flamengo, em entrada dura —não foi; o meia voltou normalmente ao jogo e machucou o outro joelho no segundo tempo.

Isso tudo já foi dito neste espaço, de modo que fica claro: não existe aqui perseguição ao atleta de 31 anos. Bicampeão brasileiro e tricampeão paulista como peça importante dessas conquistas alvinegras, ele está certamente na lista dos melhores de sua posição na história do clube do Parque São Jorge.

Fagner é um grande jogador em fase terrível - Amanda Perobelli - 16.set.20/Reuters

Feito todo esse preâmbulo, é preciso dizer que a fase de Fagner é inaceitável. Não há notícia ou demonstração de qualquer problema físico, mas o lateral virou nos últimos meses uma sombra de sua melhor versão, ativa, viril, criativa na construção e dura na marcação.

Cássio, Gil e Jô, que são as outras referências técnicas do Corinthians, também estão longe de viver bom momento —o que explica muito da péssima situação da equipe—, porém nenhum deles mostra desinteresse em campo. Ao contrário, a frustração é evidente.

No caso do lateral, o que se vê é uma apatia constrangedora. Ela já era notada nos tempos em que Tiago Nunes era o comandante, e a questão não parece ter sido resolvida com a demissão do pouco querido treinador.

O gol sofrido na derrota por 1 a 0 para o América-MG, na última quarta, no finalzinho do jogo, é emblemático. No momento em que o time alvinegro perde a bola, ele tem ampla vantagem territorial sobre Marcelo Toscano. Então, apenas observa o atacante correr até a área, receber em suas costas e marcar.

Fagner tem história, tem crédito e merece respeito. Talvez esteja passando por algum problema de que não se tem ciência. Mas seu comportamento nesse lance e em muitos outros tem sido inaceitável.

Análise tática do gol do América-MG na vitória por 1 a 0 sobre o Corinthians, em 28/10/2020, na Neo Química Arena, em Itaquera; coluna de Marcos Guedes
No momento em que o América-MG toma a bola e Neto Berola parte com ela pela direita, Marcelo Toscano avança em velocidade pela esquerda; Fagner apenas observa - Reprodução/ge
Análise tática do gol do América-MG na vitória por 1 a 0 sobre o Corinthians, em 28/10/2020, na Neo Química Arena, em Itaquera; coluna de Marcos Guedes
Quando percebe que Toscano pode receber na cara do gol, Fagner começa a correr, mas já é tarde - Reprodução/ge
Análise tática do gol do América-MG na vitória por 1 a 0 sobre o Corinthians, em 28/10/2020, na Neo Química Arena, em Itaquera; coluna de Marcos Guedes
Livre, Toscano define a derrota do Corinthians; Luan nem tentou brigar pelo alto no início do lance, e Sidcley e Cantillo agiram como cones diante de Neto Berola, mas nem a paralisia de Sidcley, afastado do grupo por causa da jogada, foi tão terrível quanto a de Fagner, que teve mais tempo para reagir - Reprodução/ge
Marcos Guedes
Marcos Guedes

36 anos, é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e, como o homenageado deste espaço, Nelson Rodrigues, acha que há muito mais no jogo do que a bola, "um ínfimo, um ridículo detalhe". E-mail: marcos.guedes@grupofolha.com.br

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