"Não dá para fazer de qualquer maneira. Temos que preservar vidas humanas. Olimpíada pode ter em qualquer ano, mas a vida, não."
Essa declaração de José Roberto Guimarães, técnico da seleção feminina de vôlei, em entrevista à Folha de S.Paulo, demonstra bem como está a cabeça dos envolvidos diretamente com a preparação para os Jogos Olímpicos de Tóquio, de 23 de julho a 8 de agosto.
Como a maior competição poliesportiva do mundo, a Olimpíada é a meta e o sonho de todo atleta, que pode transformar ou solidificar uma carreira. Mas a questão que é assunto em qualquer roda de conversa é em que condições o evento no Japão será realizado.
José Roberto, tricampeão olímpico com as seleções masculina e feminina de vôlei, sabe que se a vida de suas jogadoras ou de algum membro da comissão técnica estiver em jogo, não vale a pena ir a Tóquio.
O mesmo vale para todas as outras modalidades. Mesmo que o governo federal vacine de fato todos os atletas olímpicos, furando a fila do programa de vacinação ou não, há fatores a se levar em consideração.
Os demais países também vão vacinar seus representantes? O protocolo de segurança imposto pelo Japão vai conseguir evitar contágios? Os funcionários e voluntários japoneses também terão o mesmo privilégio dos visitantes?
Há exemplos de que as "bolhas sanitárias" podem resolver, como na NBA, em que não houve casos positivos. Mas o que se viu na disputa das finais da Superliga de vôlei no CT de Saquarema (RJ) é preocupante.
Mesmo com todos os cuidados, o ex-técnico da seleção masculina e atual vice-presidente da CBV, Radamés Lattari, 63, foi contaminado e ficou internado do dia 9 ao dia 26 deste mês, precisando, inclusive, ser intubado.
O mesmo está acontecendo com Renan Dal Zotto, atual comandante da seleção, que está intubado e precisou ser operado por causa de uma trombose.
Todo cuidado é pouco! Só espero que os cuidados no Japão sejam suficientes para evitar mais mortes.
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