Durante os 16 anos em que o técnico Bernardinho esteve no comando da seleção masculina de vôlei, um roteiro ficou claro: se o time perdesse antes de alguma decisão importante, já poderíamos comemorar porque o título viria. Mas se fosse o contrário e a seleção estivesse muito confiante, poderíamos colocar as barbas de molho.
Para mim, o que aconteceu na disputa contra os russos nas quartas de final em Tóquio foi um resquício desse roteiro. Claro que o time entrou mordido por causa da derrota por 3 a 0 na fase de grupos. Prova disso foi a forma como os brasileiros dominaram os rivais no primeiro set.
O problema é que o domínio foi tamanho que os jogadores, mesmo que inconscientemente, relaxaram e perderam a concentração e o segundo set.
No terceiro, voltaram ao ritmo que se espera de uma decisão, outra vez deslancharam, marcando todas as jogadas dos russos e abrindo 20 a 12 no placar. E novamente caíram na armadilha de achar que o jogo estava ganho.
Os russos aproveitaram o apagão para tirar a vantagem, ponto a ponto. Com os jogadores brasileiros sem reação, os rivais acharam a confiança mostrada na primeira fase e passaram a fazer um jogo perfeito, principalmente, na defesa, salvando bolas nada comuns para gigantes como eles.
A virada mostrou que mais importante que o poderio de ataque e bloqueio é a força mental para perceber que o excesso de confiança mais atrapalha que ajuda. Lição aprendida.
Mudando para o feminino, a seleção chega invicta às semifinais contra a Coreia do Sul, às 9h desta sexta (6). Foi uma surpresa total as sul-coreanas chegarem a esta fase, mas elas merecem respeito. E o técnico Zé Roberto Guimarães sabe muito bem disso.
Por isso e pela força já mostrada pela seleção até aqui no torneio, a vaga é quase certa. Na final, porém, contra EUA ou Sérvia, duas superequipes, a história vai ser mais complicada.
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