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Caneladas do Vitão: Carta ao pequeno santista

Orgulho que nem todos podem ter

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São Paulo

B., aqui é o Vitão, que vivenciou a arquibancada na infância e também sonhou, como você sonha, em ser jogador.

Em 1986, quando tinha os seus 9 anos, eu jogava campo e salão no meu time de coração, que é o maior rival do seu. E, além dos craques do Timão, adorava o são-paulino Careca, que era o nosso centroavante na Copa do Mundo, e o Maradona, que era o 10 da Argentina.

Antes de Maradona ser campeão, eu chorei muito quando o Brasil foi eliminado pela França, em um lance de azar do Carlos, que era o goleiro do meu time e um dos meus ídolos.

charge com o Vitão usando camiseta com a frase "Eu amo futebol" apoiado em uma arara com camisetas de vários times de futebol
Cláudio Oliveira

Sabe, B., eu já nasci corinthiano, mas eu fui ensinado pela minha mãe são-paulina a respeitar todos. Ela é filha de pai corinthiano e mãe palmeirense. E na família do meu pai, tirando ele, que é corinthiano e gosta do Benfica, todos, vô, vó e tios, eram Portuguesa e Porto.

Voltando a falar de quando eu era garotinho, se no Corinthians eu era o meia-esquerda e o ala esquerdo Vitor, no meu colégio eu era o Alemão, corinthiano como o Gavas, o Maurinho Preta e o Bressa (a gente era maioria) e muito amigo do palmeirense Dino... O goleiro era o santista Rogerinho. Tinha também amigos que diziam não torcer por ninguém, mas que em 1992 viraram são-paulinos desde criancinha. E a gente estudava, brincava, jogava bola e curtia bailinhos juntos.

Nas olimpíadas do colégio, cada classe era um time. Fui campeão na 2ª série pela "Alemanha", quando o apelido Alemão pegou de vez, e, na 5ª, pelo "Flamengo". Não tinha nenhum rubro-negro, mas todos usamos a camisa. Nos outros anos, joguei pela "Itália" (3ª série), "Vasco" (4ª série) e na 6ª minha classe jogou de "Santos". Viu, já vesti, aos 12, a camisa do seu Peixe. Minhas turmas nunca foram Corinthians... Nenhum amigo ficou de fora por não querer usar a camisa do time sorteado. Nem eu!

Ah, B. Meu filho, Basílio, 13 anos, também ama futebol. Sonha virar lateral direito profissional. E não tem nada, nem o Corinthians, que eu ame mais do que ele. E escolhi para ele, que é meu maior bem, um cunhado santista como você para padrinho e uma cunhada que não torce para ninguém ("só para o Brasil, na Copa, porque quando o Brasil joga não precisa trabalhar") para madrinha.

Perdoe os idiotas, B. Ser um ser humano legal, como você, é um orgulho que nem todos podem ter!

Shakespeare: "É mais fácil obter o que se deseja com um sorriso do que à ponta da espada".

Vitor Guedes
Vitor Guedes

44 anos, é ZL, jornalista formado e pós-graduado pela Universidade Metodista de São Paulo, comentarista esportivo, equilibrado e pai do Basílio.

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