Três em cada dez brasileiros ainda fazem compras com carnê

Segunda modalidade de pagamento preferida dos brasileiros, crediário fica atrás só do cartão de crédito

Laíssa Barros Laíssa Barros
São Paulo

“Eu escolhi pagar com o carnê porque é o único jeito que o pobre pode ter alguma coisa na vida. Nunca tenho dinheiro, só me resta comprar dessa forma”, conta o agente de apoio Celso Alberto, 59 anos. Assim como Alberto, três em cada dez consumidores brasileiros (27%) utilizaram o crediário para fazer algum tipo de compra no último ano. 

A assessora contábil, Valéria Marcondes, 35 anos, diz que o carnê é a única opção que cabe em seu bolso. “Comprei uma máquina makita, uma serra tico-tico e um guarda-roupa, tudo parcelado no carnê da loja". - Ronny Santos/Folhapress

Esses são dados da mais recente pesquisa do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito), que ainda revela que as classes C, D e E são as que mais recorrem a este tipo de modalidade.

O gasto médio das parcelas foi de R$ 310,66. Segundo o levantamento, os itens mais adquiridos são roupas e calçados (42%), eletrônicos (21%),  móveis (14%) e eletrodomésticos (10%).  

O estudo concluiu que 58% dos entrevistados já ficaram com nome sujo por falta de pagamento de parcelas do crediário. “Já fiquei sem pagar uma vez o crediário e foi um perrengue, tive que pedir emprestado. Os juros foram muito altos. Depois disso, no dia que cai o meu salário eu já venho e pago a parcela para não ter perigo”, afirma Alberto. 

 

Boa opção

Para 39% das pessoas ouvidas, o crediário é uma boa opção porque permite o parcelamento das compras mesmo sem ter dinheiro. Já 17% aderiram a essa forma de pagamento por não ter cartão de crédito. Em 2018, a cada dez brasileiros, dois tiveram crédito negado.

​A assessora contábil, Valéria Marcondes, 35, diz que o carnê é a única opção que cabe em seu bolso. “Comprei uma máquina Makita, uma serra tico-tico e um guarda-roupa, tudo parcelado no carnê da loja. Como não tenho o dinheiro para pagar a vista produtos mais caros, a facilidade do carnê acaba sendo a única opção de pagamento para mim. O lado negativo é ter que vir todo mês até a loja para efetuar o pagamento”, afirma a assessora. 

“Eu escolhi pagar com o carnê porque é o único jeito que o pobre pode ter alguma coisa na vida. Nunca tenho dinheiro, só me resta comprar dessa forma”, conta o agente de apoio Celso Aberto, de 59 anos. - Ronny Santos/Folhapress

Cartão 

Primeira opção de pagamento dos brasileiros, o cartão de crédito já é usado por quatro em cada dez (37%) consumidores. De acordo com a sondagem do SPC Brasil, valor médio das faturas foi de R$ 897,67 e os itens mais comprados com essa forma de pagamento foram alimentos (66%), remédios (46%), roupas e calçados (36%) e streaming, como conteúdo de vídeo e áudio, além de revistas (19%).

Do total, 25% dos consumidores admitiram não conseguir manter o pagamento das faturas. 

Carnê versus cartão

Carnê

  • 3 em cada 10 consumidores brasileiros (27%) utilizaram o crediário para fazer algum tipo de compra no último ano
  • É a segunda modalidade mais usada para pagamento de compras
  • O gasto médio das parcelas pagas em 2018 foi de R$ 310,66 
  • Os itens mais comprados com carnê são roupas e calçados (42%), eletrônicos (21%), móveis (14%) e eletrodomésticos (10%).
  • 58% dos entrevistados já ficaram com nome sujo por falta de pagamento de parcelas do crediário

Cartão 

  • 4 em cada 10 (37%) consumidores utilizam o cartão de crédito para pagar as compras 
  • É a modalidade mais usada pelos brasileiros para comprar
  • O valor médio das faturas foi de R$ 897,67
  • Os itens mais adquiridos por essa forma de pagamento foram de alimentos (66%), compras de remédios (46%), roupas e calçados (36%) e streaming (19%)
  • 25% dos consumidores admitiram não conseguir manter o pagamento das faturas do cartão de crédito 
 

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