Megapacote de ajuste fiscal de Doria é adiado na Assembleia de SP

Parlamentares obstruíram votação que pretendia encerrar discussão

São Paulo

Após mais de seis horas de discussão, os deputados da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) acabaram não deliberando sobre o projeto 529/2020, por falta de quórum. O megapacote apresentado pelo governo estadual tem como justificativa controlar gastos públicos e atenuar uma estimativa de déficit orçamentário de R$ 10,4 bilhões em 2021.

Para a proposta voltar a plenário, o presidente da Casa, Cauê Macris (PSDB), precisa convocar nova sessão.

Em clima acalorado entre os parlamentares, a sessão foi encerrada no início da madrugada desta quinta-feira (1º) sem o mínimo de 48 votos para o encerramento da discussão que antecederia a votação, de fato, do projeto.

O governador de SP João Doria durante coletiva de imprensa em 30 de setembro - Governo do Estado de São Paulo

Enviado à Casa em regime de urgência, em 13 de agosto, o texto cita o aumento das despesas e da queda de arrecadação tributária do estado no contexto da pandemia do coronavírus.

Ao longo da tramitação acelerada, deputados de diferentes bancadas se opuseram ao projeto por entender que a proposta teria como principal efeito o aumento de impostos em detrimento dos demais argumentos apresentados, como o enxugamento da máquina pública e a realocação de recursos.

“O problema orçamentário não tem bala de prata. É urgente que a gente foque em reduzir mais despesas, dar mais liberdade para os empreendedores, trabalhadores conseguirem retomar sua atividade econômica com mais facilidade e rapidez", afirmou o deputado Sergio Victor (Novo), na tribuna. "Para todo problema complexo, há uma solução simples, elegante e completamente errada. E este projeto aumenta imposto, não reduz despesa e passa a conta para a população pagar."

Um dos pontos do PL 529 permite o aumento de alíquotas do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), mediante a autorização ao poder Executivo de renovar e reduzir benefícios fiscais relacionados ao imposto.

Além disso, a proposta extingue dez órgãos públicos, responsáveis por diferentes áreas como saúde, habitação e transporte, entre eles a Furp (Fundação para o Remédio Popular), a Fundação Oncocentro de SP), a EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de SP), a Sucen (Superintendência de Controle de Endemias) e o Itesp (Fundação Instituto de Terras do Estado de SP).

O texto institui ainda um programa para demissão voluntária de servidores e pretende aumentar a alíquota de contribuição do Iamspe (plano de saúde dos funcionários públicos estaduais).

Hoje, os servidores pagam 2% sobre o rendimento mensal para seu atendimento médico e de filhos, cônjuge ou companheiro (a). A nova regra propõe cobrança por pessoa, conforme faixa etária, variando entre 0,5% e 3% ao mês. ​

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