Descrição de chapéu Natal

Consumidores reclamam de Black Friday sem descontos atrativos

Shopping teve movimento fraco e lojas vazias nesta sexta (27); associação cita migração para internet

São Paulo

Sacolas abarrotadas, corredores lotados e filas e mais filas para garantir o produto mais em conta. O cenário, tão comum na Black Friday de outros anos, não está sendo visto em 2020.

Além do impacto causado pela crise do coronavírus —do medo de contaminação à insegurança financeira— consumidores têm se mostrado insatisfeitos com os preços ofertados na data.

A coordenadora de vendas Eliane do Nascimento Cruz, 35 anos, diz preferir fazer compras na loja física, mas não tem visto bons descontos.

“Até para pesquisar preço, venho mais na loja. Por causa do meu tipo físico, não consigo comprar no site”, explica. “Estou precisando de um blazer, porque vou começar a trabalhar em breve, mas não tem nada em conta, só os preços de sempre mesmo.”

A atendente Maria Thamirys de Andrade Alves, 18 anos, comemorou as compras em uma loja de itens esportivos, mas também não se empolgou tanto com os preços.

“A loja aqui não está tão barata. Compro mais pela internet e vejo que, por lá, os preços estão melhores. Comprei mais porque estava passando, dando uma olhada.”

Thamirys faz parte de uma parcela significativa da população que demonstra preferir a facilidade da compra a poucos cliques do que o tradicional “bater perna” de loja em loja.

Movimento baixo no Shopping Tiete Plaza na Black Friday - Rubens Cavallari/Folhapress

Segundo pesquisa da Abcomm (associação de comércio eletrônico), a estimativa para a Black Friday deste ano é de crescimento de 77% nas vendas online em relação ao ano passado.

Recém-habituado a fazer compras pela internet, o operador de máquinas Luiz Marcelo Marques, 64 anos, comprou uma TV pelo site da loja e vai retirar na loja física.

“Meu filho vai vir pegar para mim amanhã. Aqui mesmo, só comprei um ventilador. Está mais ou menos barato. Para mim, que não posso gastar, está tudo meio caro”, brinca.

O militar reformado Wilson Roberto Nunes, 73 anos, sempre faz compras na Black Friday, mas nunca pela internet. No máximo, pesquisa preços em alguns sites.

“Vi em anúncios que o sabão estava barato, então decidi vir comprar. Mas fora isso, não estou vendo muita vantagem, não”, afirma. “Ainda vou dar uma olhada para ver se compro os presentes dos meus oito netos.”

A baixa no movimento não tem passado despercebida entre os lojistas —que se dizem otimistas de que o movimento será maior durante o final de semana.

A atendente Samyra Cardim, 18 anos, decidiu colocar um aviso de 30% de desconto na vitrine da loja em que trabalha, um ateliê de costura e reparos.

“Com a pandemia, o movimento caiu, mas sinto que está voltando, aos poucos. Mas mesmo assim a gente tem que chamar a atenção do cliente de alguma forma.”

O diretor institucional da Alshop (associação dos lojistas de shoppings), Luis Augusto Ildefonso, atribui os corredores vazios à migração dos consumidores para as compras virtuais.

"O movimento hoje [27] está menor do que nos outros dias, mas as vendas pelo comércio eletrônico devem ser maiores do que nos outros anos", afirma Ildefonso.

"Grandes redes já usavam a internet para suas vendas, com a crise as lojas menores estão vendendo por internet e telefone para subsistir", diz o diretor da Alshop.

Reclamações

Em apenas quatro horas o Procon-SP registrou aumento de 62% nas reclamações. De acordo com o órgão de defesa do consumidor, entre o primeiro boletim de hoje, com dados até as 9h, e o segundo, até as 13h, as queixas relacionadas a Black Friday registradas no Procon-SP tiveram aumento de 62%.

Foram 209 reclamações e 129 consultas e denúncias nas redes sociais totalizando 338 queixas.

As principais queixas foram: maquiagem de preço (desconto oferecido sobre o preço do produto e ou serviço não é real) com 61 registros; pedido cancelado após finalização da compra, 36; produto e/ou serviço indisponível 34; mudança de preço ao finalizar a compra, 33.

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