PM afasta policiais envolvidos em morte de jovem na Grande SP

Testemunhas afirmam que vítima foi atingida por cassetete antes de cair de moto

São Paulo

A Polícia Militar afastou das ruas, nesta segunda-feira (27), os dois policiais militares acusados de derrubar um jovem que trafegava de moto, no último dia 21, em Carapicuíba (Grande SP). Os PMs também são acusados de não socorrer ao serralheiro Rian Rogério dos Santos, 18 anos, que morreu após a queda.

Segundo uma testemunha, não identificada, a vítima seguia com sua moto quando um soldado da PM o golpeou, na região da cabeça, com um cassetete. Como a vítima estava em movimento, perdeu o controle da motocicleta e caiu, batendo a cabeça sobre uma mureta, na rua Juscelino Kubitschek.

Após a queda, segundo a testemunha, pessoas que estavam no local pediram para que os policiais socorressem a Santos. No entanto, segundo registrado pela Polícia Civil, os PMs teriam afirmado que “não deviam satisfações a ninguém”. Em seguida, ainda segundo a polícia, ambos entraram na viatura e saíram “cantando pneus”.

Rian Rogério dos Santos, 18 anos, morreu após cair de sua moto em Carapicuíba (Grande SP). Testemunhas afirmam que queda foi provocada por um policial militar. - Arquivo Pessoal

Socorro foi chamado ao jovem, que demorou cerca de 30 minutos para ser atendido. Segundo atestado de óbito, ele morreu de traumatismo crânio-encefálico.  

Imagens de uma câmera de monitoramento mostram o jovem circulando pela rua, de capacete, instantes antes de ser agredido por um dos policiais. Os PMs teriam afirmado que a vítima trafegava sem o item de segurança.

Segundo o ouvidor das polícias, Benedito Mariano, além do afastamento dos dois policiais, ele solicitou à Corregedoria da corporação que realize a reconstituição da ocorrência.

O Condepe (Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Humana), também acompanha o caso. “Rian tristemente virou mais um número nesta estatística terrível de assassinatos cometidos por quem deveria proteger a sociedade”, afirmou o advogado do conselho, Ariel de Castro.

A reportagem apurou que o serralheiro não contava com antecedentes criminais. Além disso, frequentava a igreja Congregação Cristã, na qual tocava violino. 

Crescem mortes atribuídas a PMs 

Segundo registrado pela SSP (Secretaria da Segurança Pública), gestão João Doria (PSDB), 192 mortes, ocorridas no primeiro trimestre do ano passado, são atribuídas a policiais militares. No mesmo período deste ano, foram 207, representando alta de 7,8%.

Somente em abril de 2019, segundo dados da Ouvidoria das polícias, foram 75 mortes atribuídas a PMs, diante de 69 no mesmo mês de 2018, um aumento de 8,9%. 

Resposta

Segundo a SSP, todas as circunstâncias envolvendo a ocorrência são investigadas, por meio de inquérito policial no 1º DP_de Carapicuíba. "A Polícia Militar instaurou Inquérito Policial Militar para apurar os fatos e afastou os policias envolvidos do serviço operacional. A Corregedoria da corporação acompanha as investigações", diz trecho de nota.
 

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