Foi indiciado por homicídio culposo (sem intenção) o policial militar que dirigia a viatura que atropelou e matou uma criança, durante uma perseguição, em 20 de abril, na região de Aricanduva (zona leste). Na ocasião do acidente, os dois policiais envolvidos no caso não admitiram o atropelamento.
A informação foi confirmada pela SSP (Secretaria da Segurança Pública), gestão João Doria (PSDB). Além do menino, de 5 anos, a mãe dele, uma monitora de escola de 26 anos, ficou ferida no atropelamento. Atualmente, ela se recupera na casa de parentes após ficar internada em estado grave no Hospital Santa Marcelina (zona leste).
Leandro Mauricio dos Santos Caner, 5 anos, morreu após ser atropelado durante uma perseguição policial, por volta das 19h45. Os ladrões perseguidos, até o momento, não foram identificados. A criança havia acabado de sair da casa da avó, acompanhada da mãe.
Segundo uma testemunha, que falou em condição de anonimato, o carro da Polícia Militar acessou, em alta velocidade, a rua Bela Vista do Sul. “Eles [policiais] perderam o controle do carro, atropelaram a moça e a criança. Em seguida, a viatura bateu contra um poste”, afirmou. Os PMs, da 1ª Cia. do 19º Batalhão, também se feriram no acidente.
Contradições
O Agora mostrou na época contradições nos depoimentos dos policiais envolvidos no atropelamento.
Tanto o boletim de ocorrência, quanto a SSP, afirmaram, à época, que “não foram encontradas testemunhas do acidente envolvendo os PMs e as duas vítimas”.
Porém, o Agora entrevistou uma pessoa que presenciou ao atropelamento, em condição de anonimato. Ela disse, após o acidente, que o socorro aos policiais “foi feito primeiro”. “Não sei como funciona este tipo de coisa [ocorrência], mas primeiro, policiais que chegaram na rua foram ajudar os policiais feridos”, relatou.
A Polícia Milita disse na época que a criança foi a primeira a ser socorrida e que a mãe, a segunda.
Depoimentos policiais
Ambos os policiais relataram em depoimento que perseguiam a um Fiat Strada branco, usado por três suspeitos para fugir após assaltarem uma padaria na rua Miguel Bastos Soares.
O PM que dirigia o carro da polícia, de 29 anos, afirmou que durante a perseguição “houve um impacto contra uma vala”, que o "fez perder o controle da viatura”. Com o impacto, segundo boletim de ocorrência, o policial “perdeu os sentidos e só veio a saber do ocorrido [atropelamento] após ser medicado e liberado do hospital”.
O outro PM, de 23 anos, afirmou que durante a perseguição, os bandidos atiraram contra a viatura.
Resposta
Além de confirmar que foi a PM que atropelou mãe e filho, a SSP acrescentou que todas as circunstâncias do acidente também são apuradas por meio de inquérito instaurado pela Polícia Militar. “A Corregedoria da PM acompanha as investigações. Os policiais envolvidos foram encaminhados para acompanhamento por profissionais de saúde mental e só retornarão às atividades após a avaliação”, diz trecho de nota.
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