O número de usuários do programa WiFi Livre, da Prefeitura de São Paulo, tem registrado queda desde setembro do ano passado.
Dados obtidos pelo Agora, via Lei de Acesso à Informação, mostram que, sob a gestão de Bruno Covas (PSDB), o crescimento no uso da internet grátis em locais públicos, que ocorria desde 2016, foi invertida.
De janeiro a maio deste ano, o WiFi Livre teve cerca de 39 milhões de acessos, redução de 44,3% em relação ao mesmo período de 2018, quando teve por volta de 70 milhões.
No centro da cidade, o ponto de acesso da praça da Sé teve 1,5 milhão de usuários, menos da metade que no ano passado. O dono de uma banca de jornal da região, Adenilson Jesus, 32 anos, reclama principalmente da instabilidade da conexão.
"O sinal é muito fraco e instável, as mensagens demoram para enviar, os vídeos não carregam e a rede não conecta em todos os celulares", diz.
No largo do Arouche, as condições eram ainda piores. Desde abril, o serviço está indisponível, pois os cabos de internet foram furtados. Por outro lado, há pontos em que o wi-fi funciona bem. No Mercado Municipal, por exemplo, o sinal é rápido e estável. A única queixa dos usuários é sobre a sinalização.
O WiFi Livre passa atualmente por um processo de modernização. Em maio, a gestão municipal anunciou a expansão rede de 120 para 621 pontos de acesso, sob responsabilidade da iniciativa privada.
Na ocasião, também foi prometida a requalificação gradual dos equipamentos antigos, de modo que a entrega do serviço à população não fosse afetada.
Segundo a prefeitura, o programa tem 144 pontos ativos hoje, mas há locais que desde abril estão sem conexão, segundo usuários. É o caso do largo de Santa Cecília e praças da República, Ramos de Azevedo e Liberdade (todos no centro), conforme o Agora verificou na última sexta-feira (5).
Demora
A demora da gestão municipal em restabelecer a internet nos pontos de wi-fi que foram desativados para modernização incomoda os usuários. Na praça da Liberdade, uma das mais movimentadas da capital, o sinal gratuito parou de funcionar há mais de dois meses, segundo frequentadores.
Natália Alves, 23 anos, é atendente em uma lanchonete desde abril, e diz que a internet da prefeitura só funcionou durante as suas primeiras semanas no trabalho. "Hoje eu nem tento mais, porque não funciona nem para mandar mensagem", afirma.
No mesmo local, o costureiro Júlio Macias, 40, tentava sem sucesso conectar seu celular à rede. Era a primeira vez que ele visitava a praça.
"Fiquei de encontrar uma pessoa, mas não estou conseguindo falar com ela", diz ele, que não tem pacote de internet para o celular.
Já tem um bom tempo que o vendedor Choubert Justinien, 40, criou o hábito de desativar o wi-fi do seu celular quando chega lá. "Se deixo ligado, ele tenta conectar automaticamente e eu perco o meu sinal", explica o vendedor, que tem o mesmo costume em outros locais da cidade, como na praça da República.
"Já não era bom, mas de uns meses pra cá ficou impossível de usar. Não tem vantagem", afirmou.
Cidade Tiradentes
O ponto de wi-fi do terminal Metalúrgicos, em Cidade Tiradentes (zona leste), foi um dos que que registraram maior queda em número absoluto de usuários.
Em março de 2018 chegou a ter 1,2 milhão de conexões, o segundo maior volume da capital, ficando atrás apenas do Mercado Municipal. No mesmo mês deste ano, mal passou dos 142 mil acessos --em termos percentuais, a queda foi de cerca de 88%.
Em abril, o a prefeitura interrompeu o sinal no ponto para que fosse modernizado. Na semana passada, o wi-fi já estava funcionando novamente, mas as pessoas reclamavam de instabilidade e lentidão.
A auxiliar de farmácia Suelen Aparecida, 25 anos, frequenta o local diariamente. Ela conta que sempre que precisa se conectar à internet, prefere utilizar a rede móvel de seu telefone. "Hoje em dia não da para ficar sem internet, a solução é pagar para a operadora", afirma.
O fiscal Jalma Ferra, 42, passa por dificuldade parecida. "É sempre muito instável. Tem alguns dias que pega bem, mas em outros desconecta sozinho. Tem vezes que não consigo fazer nada no celular, não dá para contar com isso", comenta.
Resposta
A Prefeitura de São Paulo, sob gestão de Bruno Covas (PSDB), diz que atualmente consegue desligar o sinal antigo e reativar o novo no mesmo dia, minimizando o impacto ao cidadão. Nas primeiras localidades modernizadas, o tempo chegou a ultrapassar um mês.
Sobre as queixas relativas à qualidade do sinal em alguns pontos, a prefeitura apontou o grande número de usuários como a possível causa do problema.
Sobre o largo do Arouche, a gestão municipal diz que a empresa responsável pelo ponto já foi acionada e efetua os reparos.
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