Uma família foi encontrada morta em um apartamento na Vila Bastos, em Santo André (ABC), na tarde do domingo (14). Segundo o delegado Roberto Von Haydin, do 1º DP de Santo André, que investiga o caso, a família Utima, de ascendência oriental, foi encontrada já sem vida por parentes que também moram no prédio.
Roberto Utima, 46 anos, Kátia Utima, 47, Bárbara Utima, 14, e Enzo Utima, 3, haviam retornado de uma viagem a Disney na sexta-feira (12) e desde então não entraram em contato com os parentes, que estranharam a falta de comunicação e foram até o apartamento.
A suspeita da polícia é que a família tenha morrido de asfixia por inalação de monóxido de carbono, proveniente da queima do gás do aquecedor do apartamento. Segundo o delegado, o aquecedor não tem chaminé e as janelas da casa estavam todas fechadas.
“A chaminé impedia o fechamento da janela e pode ter sido retirada. O apartamento estava todo fechado e confinado. A mãe foi tomar banho e ligou o aquecedor, porém com as janelas fechadas, o gás tomou o apartamento”, disse Von Haydin.
Segundo o delegado, não foram identificados sinais de arrombamento no imóvel e uma perícia preliminar da Comgás (Companhia de Gás de São Paulo) constatou alta concentração de monóxido de carbono no local.
A polícia encontrou a mãe, Kátia, no box do banheiro, com o chuveiro ligado. O pai estava deitado no sofá com o filho Enzo sobre ele e a adolescente deitada na cama do quarto. Segundo delegado, como as malas ainda não estavam desfeitas, as mortes devem ter ocorrido na sexta (12) e, provavelmente, de maneira simultânea.
Casal e filhos passaram mal dias antes da viagem
O delegado afirmou que um irmão de Roberto Utima relatou que os adultos e as duas crianças já haviam passado mal antes da viagem. Mas que, após irem a um pronto socorro, foram medicados e liberados com o diagnóstico de sinusite. O médico não teria detectado que a família teria sido envenenada por monóxido de carbono.
Outro fato importante para a investigação mencionado pelo familiar foi que o pássaro da família, que ficava perto do aquecedor, tinha morrido dias antes de forma inexplicável. A suspeita, até o momento, é de que a ave tenha morrido em decorrência de asfixia por inalação de gás, da mesma maneira que a família
Síndico sugeriu tubos para exaustão
Von Haydin ouviu o síndico do prédio, que relatou que advertiu a família há dez anos para colocar a tubulação de exaustão do aquecedor.
“Eles disseram ao síndico que a janela ficaria sempre aberta e que, por tal motivo, não haveria necessidade da tubulação, mas, infelizmente, como eles viajaram, o apartamento ficou confinado. Como não havia esse duto de saída, a janela foi fechada e houve confinamento do monóxido de carbono no interior do apartamento”, disse Von Haydin
Segundo ele, a perícia constatou que outros apartamentos do mesmo prédio não apresentavam a saída de tubulação. Esses outros imóveis serão investigados para que mais acidentes não aconteçam.
“É um alerta para quem possui aquecedor a gás. Cuidar muito bem da exaustão. Um erro como ocorreu, pode ser fatal. É muito importante garantir a exaustão, manter sempre as janelas abertas”, disse o delegado.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.