Algumas ciclovias da cidade estão sendo removidas sem qualquer aviso prévio por parte da Prefeitura de São Paulo. A recente medida surpreendeu os ciclistas, que ficam desprotegidos em meio aos carros e caminhões, muitas vezes no contrafluxo, sem a faixa exclusiva para eles.
Sob a gestão Bruno Covas (PSDB), a prefeitura diz que estão sendo feitas obras de requalificação nas ciclovias.
A reportagem do Agora circulou nesta quarta-feira (28) em ao menos cinco vias das regiões sul e oeste em que o novo recapeamento encobriu por completo as demarcações da faixa destinada às bicicletas. Só duas tinham faixas informativas.
Nos locais, inclusive, só restaram as placas fincadas de sinalização de trânsito dos ciclistas. Caso da avenida Engenheiro George Corbisier, no Jabaquara (zona sul), que está com asfalto novo sobre as duas ciclovias de ao menos dois quilômetros de extensão - uma de cada lado da via.
Ao longo da avenida, apenas uma faixa pendurada foi vista e pedia para o “motorista tomar cuidado com o ciclista” e orientava o ciclista a utilizar rotas alternativas. O que não foi obedecido por um deles, que se aventurou em meio aos carros, próximo do 35º Distrito Policial (Jabaquara).
Na zona oeste, na avenida Corifeu de Azevedo Marques, no Butantã, a prefeitura apagou a ciclovia na noite da sexta-feira para sábado. “Passaram asfalto por cima de tudo. Sacanagem! Eu venho todos os dias para trabalhar de bicicleta do Jardim Ester (Rio Pequeno). Ninguém avisou nada”, diz o borracheiro Irineu dos Santos Filho, 59 anos.
O cicloativista William Cruz, 45 anos, diz que sexta-feira, às 20h, na avenida Paulista (centro), haverá uma “bicicletada” contra a remoção das ciclovias. “Elas serão recapeadas ou removidas, conforme declaração do prefeito em rádio”, diz Cruz.
Sinalização
A ciclovia da avenida Aratãs, no Planalto Paulista, Saúde (zona sul), já apresenta o novo modelo de sinalização horizontal, com a pintura vermelha aplicada apenas na aproximação das travessias.
A medida, segundo a Prefeitura de São Paulo, faz com que o ciclista tenha mais atenção aos cruzamentos. Outro benefício foram os tachões aplicados a cada um metro da via, o que garante mais segurança.
A cabeleireira Beatriz Sanches, 25 anos, moradora no bairro, aprovou. “O asfalto estava todo esburacado ”, disse nesta quarta-feira, quando se deslocava de bicicleta ao trabalho.
O serviço foi executado em menos de 15 dias na via, sempre de madrugada, segundo o vigilante Cícero Fernandes, 45 anos, que acompanhou o trabalho dos funcionários da prefeitura.
O que ainda está mais moroso na alamedas dos Guatás, na Saúde. Homens trabalhavam na recomposição das sarjetas, entre cavaletes e cones. “O recapeamento tinha de ser na via toda”, disse o borracheiro Agnaldo Silva, 51 anos, 40 deles no local.
Resposta
A Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB), diz, em nota, que estão sendo feitas obras de requalificação nas ciclofaixas das avenidas Antônio de Souza Noschese e Corifeu de Azevedo Marques (zona oeste), com fresagem e recapeamento asfáltico, além das ciclovias Bosque da Saúde e Alameda dos Guatás (zona sul), que totalizam 9,3 km nesta primeira etapa.
Ainda segundo a prefeitura, foram instaladas faixas informativas nas vias que passam por obras. Ao final, serão implantados tachões e nova sinalização horizontal.
A previsão é que os serviços sejam concluídos em setembro. A cidade possui 503,6 km de infraestrutura cicloviária e 310 km deles passarão por melhorias no novo plano cicloviário, em fase de conclusão.
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