Descrição de chapéu Zona Oeste

Idosos temem perder espaço público de lazer na zona oeste de SP

Prefeitura repassa espaço a outra entidade e diz que local terá que ser dividido

São Paulo

Cerca de 120 idosos que participam de atividades físicas e culturais gratuitas em um imóvel situado em uma praça pública de Pinheiros (zona oeste) temem ficar desalojados, depois de 11 anos no local.

Uma outra entidade voltada para público jovem, entre 16 e 24 anos, foi autorizada pela Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB), a assumir o espaço para cursos profissionalizantes na área de costura e design em moda.

O CIIPE (Centro de Integração, Informação e Preparação para o Envelhecimento) ocupa imóvel dentro da praça Victor Civita desde que a área verde foi inaugurada, em novembro de 2008. A área total possui em torno de 13.700 metros quadrados.

"Na época, a prefeitura cedeu o espaço para a terceira idade utilizar, inclusive com o imóvel todo pensado para uso do idoso, sem degraus e com barras de segurança nos banheiros. Foi uma luta grande para conseguirmos um lugar", conta Aparecida Caprino, 77 anos, presidente do CIIPE.

Antes, o mesmo grupo utilizou espaço na UBS (Unidade Básica de Saúde) de Pinheiros e, depois, um terreno ao lado da praça. Ao todo, são 20 anos de atividades.

"Nós vamos ficar doentes, caso isso acabe. Eu tive depressão e o médico me recomendou fazer atividade física", afirma a ex-cabeleireira Hilda Kobaiyashi, 71, que há 11 anos frequenta o local. Hoje, ela faz aulas de tai chi chuan e dança sênior.

A aposentada Marilene Ribeiro, 79, chegou para aula de pilates nesta quinta-feira (22) e se assustou com o que encontrou. Mesas encostadas, sofás cobertos, cadeiras empilhadas e computadores desligados. "Entraram como um trator", diz. Ela cursa aulas de informática e inglês.

O marido de Marilene, o engenheiro alemão Karl Schmieske, mostrou indignação com a mudança. "Estou muito bravo com essa situação", afirma.

Desde a última semana, homens de empresa contratada trabalham na revitalização do imóvel: pintam paredes e refazem a parte elétrica. Cabos de energia foram furtados na região e desde outubro do ano passado o local estava sem luz e nem sinal de internet.

No novo espaço funcionará curso gratuito de costura e design em moda e com vagas limitadas, conforme cartaz colado em uma das portas de vidro.

A praça pública é mantida pela prefeitura.

Gestor de curso fala que deve ter compartilhamento

Apesar de os novos inquilinos terem ocupado o imóvel usado pelos idosos há 11 anos "sem qualquer tipo de aviso", segundo alunos e professores voluntários ouvidos, a presidente da entidade que proporciona atividades a eles, Aparecida Caprino, acredita que o espaço poderá ser compartilhado.

Uma reunião está marcada para esta sexta-feira entre as duas entidades para se chegar a uma solução pacífica. "Estamos tentando uma negociação", afirma Aparecida.

A reportagem falou rapidamente nesta quinta-feira (22), por telefone, com o gestor do projeto profissionalizante de costura. Ele se identificou apenas como Thiago. "Vamos tentar compartilhar o espaço. Nosso curso será à noite e o deles pela manhã e à tarde."

Indagado como chegou ao local, ele afirmou que apresentou o projeto de revitalização ao gabinete do prefeito Bruno Covas (PSDB). "Gostamos muito desse lugar", afirmou, pedindo que a entrevista continuasse depois por conta de uma reunião. Mas ele não atendeu mais as ligações da reportagem.

Resposta

A Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB), diz, em nota, que o espaço de atividades citado pela reportagem "não será fechado, sendo usado em comum acordo com os idosos". 

Informa ainda que não há ação de despejo nem contrato para o uso do local. "Trata-se de um espaço público aberto à população".

Nesse sentido, a administração regional concedeu autorização para a realização de curso profissionalizante de costura. O "projeto, de um munícipe, foi aprovado e está em andamento".

Vale ressaltar que a praça "não possui termo de cooperação e o valor anual para sua manutenção é de cerca de R$ 30.647". 

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