Sem vigias, segurança noturna de escolas é feita pela GCM

Durante o dia, porém, colégios da gestão municipal perderam a vigilância, que era terceirizada

São Paulo

Guardas-civis metropolitanos assumiram a segurança patrimonial de 174 escolas da rede municipal de ensino de São Paulo desde o último dia 17. Porém, somente à noite: das 19h às 7h.

Guarda-civil faz a segurança na Emei Vila Ema, no Parque São Lucas, zona leste; nova atribuição dos GCMs começou no último dia 17 de outubro - Ronny Santos/Folhapress

Durante o dia, quando alunos e professores estão em sala de aula, além de outros servidores, a maioria das escolas está sem os vigilantes de segurança privada que prestavam o serviço.

A Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB), não renovou os contratos emergenciais com três, das quatro empresas de vigilância que atendiam as 174 escolas e reuniam em torno de 400 profissionais.

“O nosso efetivo ficou sacrificado”, afirmou o presidente do SindGuardas (Sindicato dos Guardas Metropolitanos de São Paulo), Clóvis Roberto Pereira. Sem os vigilantes, para cada escola, foram deslocados quatro guardas para a jornada noturna (12 horas por 36).

O dirigente disse que os guardas só estão cuidando do patrimônio. “Durante o dia, o pessoal faz a ronda. A situação ficou bem tumultuada”, afirmou.

Uma das regiões mais afetadas foi São Miguel Paulista (zona leste). Segundo funcionários, 77 escolas estão sem vigilantes.

O Agora telefonou na sexta-feira (25) para seis unidades. Na Emef (Escola Municipal de Educação Fundamental) Jardim Bartira, na Vila Curuçá (zona leste), funcionário disse que os “vigilantes foram dispensados e ainda não realocaram os guardas substitutos”.

O presidente do Sesvesp (Sindicato das Empresas de Vigilância Privada de São Paulo), João Palhuca, afirmou que, no total, 11 empresas de segurança foram contratadas pela prefeitura para atuar em 1.700 escolas. Atualmente, oito ainda mantêm contratos.

Das quatro empresas que cobriam as 174 escolas, uma  teve o contrato emergencial renovado por mais seis meses dia 18. “A prefeitura percebeu que não teria efetivo para cobrir e manteve o contrato de última hora. Foi um tapa-buraco”, afirmou.

Remanejamento

As zonas leste e sul foram priorizadas no remanejamento da corporação para cobrir as 174 escolas. Neste caso, os guardas-civis foram retirados do centro e da zona oeste, respectivamenteSegundo o presidente do SindGuardas, Clóvis Roberto Pereira, metade da corporação estava concentrada no centro, principalmente na região da cracolândia.

Entre as atribuições dos guardas-civis no centro da capital está acompanhar os serviços de zeladoria e as fiscalizações do comércio ambulante, que se intensificam agora com as compras de fim de ano.
Pereira disse que não houve lógica na realocação do efetivo, além de total falta de planejamento. “Tem guardas se deslocando cerca de 60 quilômetros a mais para chegar ao trabalho. Mora em Jundiaí [58 km de SP] e trabalhava no centro. Jogaram agora em Guaianases [zona leste], sem comunicação prévia”, afirmou.

A mudança de turno foi outro problema. “Tem guarda que estuda à noite e trabalhava de dia, e guarda mulher que não tem com quem deixar a criança.”

Sensação de segurança

Integrante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o analista criminal Guaracy Mingardi disse que a presença de um vigilante de empresa privada, mesmo que desarmado em uma escola, sempre aumenta a sensação de segurança. Além de contribuir para inibir possíveis casos de agressões e de vandalismo nas unidades de ensino.

Mas o especialista em segurança pública não dispensa que os guardas-civis façam a ronda escolar, seja durante o dia ou a noite. “Uma coisa não exclui a outra, principalmente em algumas regiões da cidade que exigem cuidado maior”, afirmou o especialista.

Mingardi não é favorável a presença de guarda armado dentro de uma escola em horário de atividades educacionais. “Só se for uma situação emergencial. Do contrário, o profissional pode ficar na frente, mas do lado de fora. Ou mesmo no quarteirão”, disse.

No caso da escola estar fechada à noite, os guardas podem trabalhar armados, sem problema algum. “É função da corporação prevista em lei”, afirmou.

Resposta

A Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB), afirmou em nota que a Secretaria de Educação cumpriu determinação do TCM (Tribunal de Contas do Município) e encerrou os contratos que “funcionavam” em caráter emergencial.

A medida, segundo a prefeitura, “não deixou nenhuma das 174 escolas atendidas sem vigilância”.
Ainda segundo a prefeitura, a GCM (Guarda Civil Metropolitana) realiza o “policiamento fixo e com rondas motorizadas nas 174 unidades”, sendo dois agentes por escola.

A gestão não respondeu se algum local ficou descoberto com o remanejamento dos guardas nem sobre as queixas da corporação.

O TCM foi procurado nesta segunda-feira (28), mas era ponto facultativo pelo dia do Servidor Público.

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