Vitamina D é fundamental para regular cálcio e saúde dos ossos

Falta e excesso da substância trazem prejuízo ao organismo e podem provocar várias doenças

São Paulo

A vitamina D é na verdade um hormônio essencial para várias funções do organismo relacionadas ao metabolismo dos ossos e à absorção do cálcio. Na época de sua descoberta, em 1922, acreditava-se que só poderia ser obtida por intermédio da alimentação. Por isso, foi batizada de vitamina. Desde a década de 1970, porém, já se sabe que se trata de um hormônio que pode ser reposto no organismo por meio de comprimidos --ou gotas-- ou pela exposição solar controlada.

Apesar de vivermos em um país tropical, com sol em vários dias do ano, a maioria da população brasileira está com níveis de vitamina D abaixo do recomendado pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, que é de 20 ng/ml (nanogramas por mililitro). Já o grupo de risco, formado por idosos e gestantes, por exemplo, deve estar com valores de vitamina D entre 30 e 60 ng/ml.

Segundo o endocrinologista Sergio Maeda, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo, a deficiência da vitamina D pode provocar várias doenças, como raquitismo, em crianças, e osteomalácia (amolecimento de ossos) e osteoporose, em adultos. Isso sem contar o prejuízo a outras funções do corpo, como a diminuição da imunidade.

Estudante toma banho de sol nas escadarias da piscina do Pacaembu, na zona oeste de SP - Danilo Verpa - 10.jan.14/Folhapress

Segundo o endocrinologista Renato Zilli, do hospital Sírio-Libanês, a maioria da população brasileira está com deficiência de vitamina D porque não se expõe mais ao sol o tempo necessário para repor as doses que o organismo precisa ou usam protetor solar, o que é recomendado pelos dermatologista. Além disso, os alimentos que possuem a substância são poucos e em quantidade muito pequena.

Os especialistas alertam que assim como a falta da vitamina D pode trazer prejuízos ao organismo, o excesso dela também pode provocar doenças.

Superdose deve ter orientação médica

Se a falta da vitamina D pode provocar problemas para a saúde, o excesso também traz vários riscos para o organismo. Por isso, especialistas alertam para o consumo de superdosagens da substância sem a devida orientação médica. 

Nas farmácias, é possível encontrar nas prateleiras suplementação de vitamina D em comprimidos com doses a partir de 1.000 UI (Unidades Internacionais). Porém, é possível encontrar até 10 mil a 15 mil UI.

Segundo o endocrinologista Sergio Maeda, o excesso da vitamina D eleva os níveis de cálcio no sangue, podendo prejudicar o funcionamento dos rins. Em alguns casos, diz ele, a chamada hipervitaminose D provoca pedras nos rins e disfunção renal. 

"A hipervitaminose D também leva à perda óssea, pois pode induzir ao aumento da atividade osteoclástica, que é a célula que destrói o osso e fica hiperativa com o excesso de vitamina D", afirmou. 

Segundo Maeda, a quantidade de vitamina D necessária para cada pessoa varia de acordo com a idade e a condição de saúde, o que deve ser avaliado pelo médico após a realização de exames de sangue. Porém, apenas pacientes considerados do grupo de risco, entre eles os idosos, precisam de doses maiores numa primeira etapa do tratamento para estabilizar o nível da vitamina no organismo.

O problema, segundo os especialistas, é que algumas as pessoas tomam superdoses da vitamina D sem ao menos saber o nível da substância no organismo. Para isso, é necessário fazer exames de sangue.

Saiba mais

O que é vitamina D

  • Embora seja chamada de vitamina, trata-se de um hormônio que atua como regulador do cálcio no organismo e do metabolismo dos ossos

Para que serve

  • Tem ações em várias partes do organismo relacionadas ao cálcio
  • Intestino: absorve o cálcio
  • Paratireoide: mantém os níveis de cálcio

Como obter

Alimentos

  • peixes gordurosos: salmão, atum, cavala
  • óleo de fígado de bacalhau
  • gema de ovo
  • cogumelos

Exposição solar

  • A síntese ocorre por meio dos raios UVB, o mesmo que provoca o câncer de pele
  • Por isso, é necessário atenção no tempo de exposição de acordo com o tipo de pele
  • É recomendado expor pernas e braços três vezes por semana:
  • Peles brancas: De cinco a sete minutos*
  • Peles morenas: De 15 a 20 minutos*
  • Rosto: proteger sempre com protetor solar

*Se antes de período a pele ficar vermelha, é sinal que está na hora de sair do sol ou passar protetor

Importante: Vidros impedem a passagem dos raios UVB. Por isso, não vale tomar sol em ambientes fechados protegidos por vidros

Suplementação

  • Comprimidos ou gotas
  • A dose é definida pelo médico após exames de sangue para saber o nível de vitamina no organismo
  • A Sociedade Brasileira de Edocrinologia e Metabologia define como deficiência de vitamina D valor inferior a 20 ng/ml (nanogramas por mililitro)

Diagnóstico

  • Para saber o nível de vitamina D é preciso fazer exames de sangues:
  • vitamina D
  • cálcio sanguíneo
  • cálcio urinário
  • PTH (função da paratireoide)
  • creatinina (função dos rins)

Deficiência

Pode provocar várias doenças:

  • Em crianças, raquitismo (enfraquecimento dos ossos) e retardo do crescimento 
  • Em adultos, osteomalácia (amolecimento dos ossos), hiperparatireoidismo (aumento dos níveis de cálcio no sangue) e osteoporose (diminuição da densidade dos ossos)

Também prejudica outras funções do corpo:

  • aumenta o risco de infecções
  • diminui a imunidade
  • fraqueza muscular

Excesso

Provoca o aumento do cálcio no sangue, tendo como consequência:

  • pedras nos rins
  • perda da função dos rins

Fontes: Endocrinologistas Sergio Maeda e Renato Zilli e Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia 

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