Descrição de chapéu Zona Leste

Furto de cabos de energia deixa colégio às escuras na zona leste de São Paulo

Escola Oswaldo Cruz, na Mooca, foi alvo de ladrões pela terceira vez em menos de três meses

São Paulo

Pela terceira vez em menos de três meses, a Escola Estadual Oswaldo Cruz, com 105 anos de vida e tombada como patrimônio histórico e cultural na Mooca (zona leste), foi alvo de furto de cabos de energia elétrica na madrugada do último sábado (9).

Sem luz, telefone e até internet, as aulas dos ensinos fundamental 1 e 2, além do médio, foram reduzidas nesta segunda-feira (11), nos períodos da manhã e da tarde, das 7h às 10h, e das 13h às 16h, respectivamente.

Logo no portão da entrada principal dos alunos, um cartaz pregado pela direção comunicava o ocorrido aos pais e avisava que “as aulas seriam mantidas dentro do possível”, mesmo com a falta de energia.

A solução foi utilizar as salas de aula com laterais para a área do estacionamento dos carros dos professores e direção, que são mais claras. Internamente, o prédio, que foi construído em 1914, não tem boa iluminação natural.

Muitos pais foram buscar seus filhos no horário de saída habitual da manhã (11h20), sem saber que a escola tinha sido novamente alvo de vandalismo ou mesmo ter sido informado pela escola —o fio do telefone também foi danificado.

O autônomo Santos Flores, 34 anos, que veio da Bolívia há dez anos e fixou residência no bairro, possui um casal de filhos na escola. “Só soube agora que entraram de novo na escola. É ruim, porque as aulas ficam pela metade. Ninguém avisou, por isso só peguei eles agora (11h20)”, afirma.

O compatriota de Flores, Plácido Sianani, 34, de bicicleta, também foi buscar no mesmo horário o filho, de 9 anos, que estuda no 3º ano do ensino fundamental 1. “De novo esse problema”, afirmou o pai, ao ser informado sobre o ocorrido pela reportagem.

O animador de 3D Guilherme Silva Santos, 32, lembra que a escola possui câmeras de segurança. “É estranho. A gente fica frustrado pela ousadia”, afirma o tio de Yasmin, 7, aluna do 2º ano.

A sobrinha Yasmin ficou bastante indignada. “Será que esses bandidos não sabem que tem outras coisas com mais valor do que fios da nossa escola?”

Tombamento

Capitão do 21º Batalhão da Polícia Militar da 1ª Companhia, Adriano Raimundo da Silva, 50 anos, diz que o fato de a Escola Estadual Oswaldo Cruz ser tombada como patrimônio histórico engessa, indiretamente, a direção para providenciar mudanças físicas no prédio.

O que o policial chama de investimento na prevenção primária, como levantar muros ou instalar cercas de proteção. “É um ponto vulnerável da escola. Qualquer alteração no prédio, por exemplo, precisa de autorização dos órgãos competentes”, afirma.

O policial militar diz que nesta terça-feira (12) nova reunião ocorrerá na escola para discutir a questão do impedimento por conta do tombamento. “Não dá para esperar mais”, reforça.

Segundo o capitão, câmeras de comércios vizinhos à escola registraram a presença de quatro homens, por volta das 5h, da madrugada de sábado. “Eles pularam o muro da fachada da escola e levaram cerca de quatro metros de fio grosso de cobre”, conta.

A escola registrou boletim de ocorrência. Ontem pela manhã, policiais faziam a segurança, junto de uma viatura na rua da Mooca. O que os pais disseram ser frequente a ação na porta.

Aumento

Os roubos e furtos aumentaram nas escolas estaduais de São Paulo, segundo mostrou reportagem do Agora na edição de 22 de setembro.

Números obtidos por meio de Lei de Acesso à Informação mostraram que as altas foram de 12,8% e 18,1%, respectivamente, entre 2017 e 2018. No ano passado foram 132 assaltos _15 a mais que no ano anterior.

Em relação aos furtos, foram registrados 1.508 em 2017 e 1.782 no ano passado. Entre 2014 e o primeiro semestre deste ano, 973 unidades de ensino foram alvo de roubos e 8.407 de furtos em todo o estado. 

Resposta

A Secretaria de Estado da Educação, gestão João Doria (PSDB), diz, em nota, que um técnico foi encaminhado à Escola Estadual Oswaldo Cruz para avaliação e levantamento do material furtado para orçamento de reposição, além de estudo do que pode ser feito para evitar novos casos.

A secretaria afirma ainda que “todo conteúdo perdido será reposto”.

Questionada, a pasta não informou o total de alunos matriculados na unidade nem sobre a questão de ser prédio tombado. Também não se manifestou sobre a regularização ou não das aulas nesta terça-feira (12).

A secretaria diz que lançou o Conviva SP, programa que visa identificar a vulnerabilidade de cada unidade de ensino. Alunos e servidores da rede já podem responder a questionários sobre o clima escolar.
Ainda segundo a gestão, a unidade possui parceria da Ronda Escolar.

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