Desidratação leva 13 por dia para o hospital em São Paulo

Levantamento mostra que 3 em 10 internações ocorrem de janeiro a março, durante o verão

São Paulo

A rede pública de saúde de São Paulo registra, em média, 13 internações diárias por desidratação ao longo do ano. No entanto, 30% delas ocorrem entre janeiro e março, época das altas temperaturas do verão, e atingem, principalmente, as pessoas com mais de 60 anos.

Homem se refugia do calor e bebe água em árvore do Ibirapuera (zona sul de SP) - Rivaldo Gomes - 15.set.2017/Folhapress

O levantamento é da Secretaria de Estado da Saúde, gestão João Doria (PSDB), com base nos indicativos do DataSUS, sistema de informática do SUS (Sistema Único de Saúde). No primeiro trimestre de 2019, das 1.286 internações, 559 foram de pacientes idosos, população mais suscetível à desidratação. Isso porque à medida em que as pessoas envelhecem a absorção da água não é tão eficaz. 

A desidratação ocorre, segundo os médicos, quando não existe água suficiente no organismo e sais minerais, fatores fundamentais para prejudicar o funcionamento de todo o corpo e provocar até mesmo outras complicações, dependendo do caso.

Idosos

O geriatra Marcelo Cruz, diretor clínico do AME (Ambulatório Médico de Especialidades) Idoso Oeste, unidade estadual na Lapa e gerenciada pela SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina), diz que a pessoa com mais idade perde a sensibilidade de sede, além da alteração do paladar.

“O idoso, na maioria das vezes, perde o prazer em beber água, que, inclusive, passa a não ter gosto”, afirma Cruz. É bom lembrar que no verão, com o calor e as altas temperaturas, a perda da água pelo corpo se dá pela transpiração.

Além da perda da água pelo suor, o corpo elimina a substância pela urina. “O idoso perde um volume maior de líquido, uma vez que utiliza medicamentos contínuos, especialmente os diuréticos, o que contribui para desidratação”, diz.

Criança representa 1 em 4 internações

Além do idoso, a desidratação atinge também as crianças menores de cinco anos. Neste caso, segundo levantamento das autoridades de saúde, elas representam uma em cada quatro (25%) internações na rede pública municipal e estadual de saúde de São Paulo.

De janeiro a março de 2019, 311 crianças menores de cinco anos foram internadas com quadro de desidratação, de um total de 1.286 pacientes com o mesmo problema de saúde na somente na capital, segundo o DataSUS.

No caso do público infantil, as causas mais comuns que levam à doença no verão são a diarreia e o vômito.

“Nessas condições, o risco de desidratação aumenta, porque ocorre grande perda de líquido”, diz o gastroenterologista pediátrico Leonardo Camargo, do Hospital Estadual de Diadema (ABC), gerenciado pela Associação Paulista para o Desenvolvimento de Medicina).

O especialista ressalta que o fato de crianças não ingerirem muito líquido por conta própria também exige atenção redobrada dos responsáveis. 

“Além de oferecer água várias vezes ao dia, os adultos devem ficar atentos à exposição solar prolongada no verão em horários inapropriados (entre 9h e 16h), outro fator de risco”, afirma Camargo.
Segundo o Ministério da Saúde, a oferta de água deve ocorrer principalmente entre as refeições, e não somente quando a criança estiver em frente ao prato. Em caso de desidratação, unidades de saúde têm soro para repor o líquido.

Familiares e cuidadores devem ficar atentos 

O geriatra recomenda no caso dos pacientes idosos que os familiares, ou até mesmo cuidadores, fiquem atentos à hidratação diária. Por regra, uma pessoa deve ingerir, no mínimo, dois litros de água por dia.
No caso da pessoa com mais idade, a dica fica em fracionar a quantidade ao longo do dia.

“Outra sugestão é saborizar a água, com laranja ou limão, para deixar mais palatável”, aponta o médico.

Nos idosos, a desidratação pode gerar maior risco de quedas, infecções no trato urinário, doenças pulmonares, pedras nos rins, constipação e alteração de comportamento. 

Em casos mais graves, segundo o geriatra, o paciente deve ser levado a um pronto-socorro.

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