Moradores de bairros da região do Butantã (zona oeste) reclamam que lixo e entulho começaram a se acumular nas ruas desde o fim do contrato emergencial de um ano com a empresa que fazia o serviço de Cata-Bagulho itinerante na região, em junho do ano passado.
Uma outra empresa foi contratada em seguida por licitação, segundo a Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB), mas o problema cresceu, principalmente a partir de setembro.
A reportagem esteve nesta segunda-feira (20) no Jardim João 23 e encontrou sofás, eletrodomésticos quebrados, madeiras, colchões, pneus, vasos sanitários e outros restos de entulho de obras em ruas e calçadas.
Na rua Antonio José Evaristo, o sobrinho de 6 anos da dona de casa Maria Gonçalves, 52, se equilibrava entre os restos de móveis, colchão e lixo na calçada.
"Precisamos estar sempre de olho nelas, porque podem se machucar", diz.
O chefe de cozinha Leonardo dos Santos, 43, reclama. "O Cata-Bagulho vinha uma vez por mês e retirava o entulho e o lixo, mas eu nunca mais vi", disse ele, diante de lixo na calçada da Escola Estadual Professora Guiomar Rocha Rinaldi.
Woston Crispin da Silva, 50, dono de um depósito, afirma que teve de pagar pela retirada de entulho jogado no seu terreno. "Há dois meses liguei para retirarem lixo, mas não apareceu ninguém", diz.
A reportagem flagrou descarte irregular nesta segunda. Na rua E, um homem que afirmou ter mudado recentemente para o bairro, e que não quis se identificar, limpava seu quintal jogando a madeira deixada pelo antigo morador em um ponto viciado de entulho.
"O pessoal que morava na casa deixou toda essa madeira no quintal e estava atrapalhando, aí vi que o pessoal joga coisas neste lugar, e decidi que era aqui que eu iria jogar a madeira", disse ele, que estava com dois filhos pequenos, que também carregavam o lixo.
Problema piorou em setembro de 2019
Cláudio Freitas, 47 anos, integrante do Movimento Meu Bairro Melhor, da região do Butantã, diz que não se vê na prática a programação divulgada para recolhimento de entulho e outros materiais que são descartados nas calçadas.
"A programação de coleta está apenas no site da Prefeitura de São Paulo, porque, na prática, eles não passam recolhendo mais nada em nosso bairro", diz.
"E o entulho vai acumulando nas ruas, pois o morador não tem onde colocar aquilo que precisa descartar", afirma.
Freitas diz que até setembro do ano passado existiam quatro pontos móveis para a coleta de materiais volumosos na região onde mora, mas que foram retirados sem aviso prévio ou explicação.
"A população tinha como referência alguns lugares para o descarte de entulho e outros produtos, mas hoje não há mais. Eu questionei a Subprefeitura Butantã mas não tive resposta", afirma o morador.
Resposta
A Amlurb (Autoridade Municipal de Limpeza Urbana) diz que a empresa responsável por realizar os serviços de limpeza na região da Subprefeitura Butantã, a Ecoss Ambiental, foi notificada e não foi constatada suspensão dos serviços na região do Jardim João 23. "De qualquer forma, o local passará por fiscalização", afirma.
A gestão Bruno Covas (PSDB) diz que "recentemente a operação Cata-Bagulho foi ampliada e passou de trimestral para mensal, percorrendo todas as vias da capital uma vez por mês".
"De janeiro a outubro de 2019 foram coletadas 8.000 toneladas de resíduos de varrição e entulho na região da Subprefeitura Butantã", afirma a nota.
A prefeitura diz que a cidade tem 102 ecopontos para entrega de pequenos volumes de entulho e grandes objetos. Questionada, não disse se ecopontos do Jardim João 23 foram retirados, conforme um morador.
Procurado, nenhum representante da Ecoss Ambiental foi encontrado.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.