A professora de inglês Beatriz Onofre, 53 anos, foi uma das primeiras pessoas a ter confirmada infecção pelo coronavírus no Brasil. Ela sentiu os primeiros sintomas - febre, dores pelo corpo e garganta irritada - quando retornou de uma viagem de férias que fez ao Irã, no início do mês.
“Cheguei no dia 4 de março, sem sentir nada. Mas no dia seguinte, acordei com dores pelo corpo, como se um caminhão tivesse passado por cima de meu corpo inteiro”, relatou ao Agora por telefone.
Desde então, ela não sai de seu apartamento, no terceiro andar de um prédio em Pinheiros (zona oeste da capital paulista). “Adoro abraçar e beijar meus amigos e parentes. Mas não vejo ninguém desde que cheguei e senti os sintomas”, afirmou.
Antes de receber o diagnóstico oficial, no último dia 7, ela decidiu evitar contato com outras pessoas. Ela, inclusive, deixou de ir a uma festa familiar.
Após seu exame testar positivo para o coronavírus, parentes resolveram ajudar a educadora com sua alimentação. “O pessoal deixou comida em frente à porta de meu apartamento. Após eles descerem pelo elevador, abri a porta e peguei o que deixaram para mim”, relatou.
Beatriz ainda disse que um morador do prédio, após descobrir que ela estava contaminada com o vírus, começou a importuná-la por mensagens enviadas pelo celular. Segundo ela, o vizinho fica dando “dicas” de como ela tem que se cuidar. “Cara, estou sendo assistida pelas secretarias de Saúde [municipal e estadual], além de um hospital particular, e o cidadão fica me enchendo”, desabafou.
Por orientação médica, ela monitora sua temperatura duas vezes ao dia, além de monitorar sua frequência respiratória. A professora acrescentou que os sintomas oscilam e que teve febre somente nos dois primeiros dias em que os sintomas se manifestaram. “Tem dias em que acordo acabada [de cansaço] e outros que estou bem. Hoje [sexta] cheguei a dar aulas por Skype e ainda fiz uma faxina em casa.”
Ela permanece até o dia 19 em quarentena, quando saberá pela equipe médica se pode retomar à sua rotina, ou não.
Cachorra também está contaminada
A professora Beatriz ficou surpresa quando os médicos lhe afirmaram que sua cachorrinha da raça maltês Pipoca, 12 anos, poderia infectar outras pessoas com o coronavírus. “Me explicaram que o vírus fica nos pelos e na pele do cão”. Por causa disso, o bichinho de estimação também está de quarentena.
“Ela me faz companhia. Mas não vejo a hora de poder voltar para a rua, sair para baladas, com os crushs”, afirmou com bom humor. A educadora viajou ao país do Oriente Médio acompanhada de mais nove brasileiros que, segundo ela, não contraíram o vírus.
Ela chegou no Irã em 16 de fevereiro, momento em que um caso de coronavírus já havia sido confirmado no país. A professora percebeu que a situação estava grave no momento em que deveria retornar ao Brasil. “O espaço aéreo do Irã estava fechado. Por isso, precisamos ir até Bancoc, capital da Tailândia, onde não permitiram que embarcássemos, pois estávamos no Irã.”
Por fim, a professora conseguiu uma vaga em um voo que partiu da Suíça para o Brasil. Quando o avião pousou no aeroporto internacional de Guarulhos (Grande SP), ela relembra que uma equipe de médicos os recepcionou, ainda dentro da aeronave, descartando, a princípio, que as pessoas estivessem infectadas.
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