Ranking aponta os melhores e os piores parques de São Paulo

Ibirapuera é o mais elogiado e Juliana Carvalho, na Raposo Tavares, tem a nota mais baixa

São Paulo

Uma pesquisa inédita feita em parceria entre a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente e a a Fundação Aron Birmann identificou os melhores e piores parques da cidade de São Paulo.

O Ibirapuera, na Vila Mariana (zona sul), lidera o ranking com a melhor pontuação entre os 71 parques avaliados. Já o parque Juliana de Carvalho Torres, no Raposo Tavares, zona oeste, ficou em último lugar.

Para elaborar o ranking, uma equipe de seis profissionais, entre arquitetos, paisagistas e engenheiros agrônomos e florestais, percorreu os 71 parques entre outubro e dezembro de 2019. Eles analisaram a infraestrutura, a manutenção e o manejo, a segurança e a gestão e a cultura. Cada uma dessas áreas recebeu um questionário para avaliar diversos itens. Por exemplo, na área de infraestrutura, foram avaliados sanitários, parquinho, a acessibilidade, calçadas e ciclofaixa.

Ibirapuera, na zona sul da capital paulista, foi eleito o melhor parque da cidade de São Paulo em uma pesquisa que analisou 71 locais no município - Rivaldo Gomes/Folhapress

Segundo a gerente de operação da Fundação Aron Birmann Carolina Coroa, coordenadora da pesquisa, para cada item em bom estado de conservação foi concedido um ponto. Caso contrário, não era dado nenhum ponto. Foi assim que o Ibirapuera ficou em primeiro lugar com a melhor nota: 4,49, sendo que a máxima era 5 pontos. O parque estadual Villa-Lobos, na zona oeste, ficou em segundo, com 4,48, seguido pelo parque do Povo, também na zona oeste, com 4,44 pontos.

"Quando a gente destrincha cada um dos itens, vê o que está bom e o que está ruim e precisa ser melhorado. Mas consideramos o resultado um conjunto, porque um parque não é só uma área, é um todo", disse.

A diretora da Coordenação de Parques da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, Tamires Carla de Oliveira, disse que o resultado da pesquisa é uma ferramenta que vai ajudar a planejar melhor o que precisa ser feito em cada um dos parques. "Identificamos os problemas e agora já podemos agir", afirmou.

A partir de segunda (9), usuários também poderão dar notas aos locais por meio do aplicativo IP (Identificador de Parques).

Cidade terá seis locais privatizados

O Ibirapuera e outros cinco parques municipais serão administrados pela iniciativa privada. A concessão por 35 anos foi transferida para a empreiteira Construcap, que venceu a licitação em março de 2019, com proposta de investir R$ 70,5 milhões para reformar as áreas verdes.
Em troca da concessão, a empreiteira poderá instalar serviços comerciais em diferentes locais dos parques e realizar eventos, entre outras alternativas.
Além do Ibirapuera, foram concedidos à iniciativa privada os parques Jacintho Alberto (Pirituba), Eucaliptos (Morumbi), Tenente Brigadeiro Faria Lima (Parque Novo Mundo), Lajeado (Guaianases) e Jardim Felicidade (Pirituba).

Público aprova  a estrutura  do campeão

Quem frequenta o Ibirapuera também aprova a infraestrutura e toda a área verde que o parque oferece. A professora de ioga Grace Cristina, 32 anos, é uma delas. Ela vai ao menos três vezes por mês ao parque para praticar a atividade física, dar aulas ou simplesmente curtir a natureza.
"Eu costumo dizer que o Ibirapuera é o quintal arborizado de quem não tem casa. Aqui eu olho o céu e fico contemplando toda essa área verde", afirmou Grace.
A professora também disse que o parque oferece boa infraestrutura, banheiros limpos, sem lixo e se sente segura. "É um lugar agradável e seguro", disse.
A enfermeira Karine Lubiana, 29 anos, foi pela primeira vez ao Ibirapuera nesta sexta-feira (6) e aprovou. Moradora de Ji-Paraná (RO), ela vem para a capital uma vez por mês para estudar. "É um parque muito lindo. Tem muita coisa relacionada à arte e à cultura", afirmou Karine.

Pior da lista tem problemas com lixo

Considerado o pior parque no ranking, o parque linear Juliana de Carvalho Torres (zona oeste) não tem portões ou grades. A área pode ser acessada pelas escadas da travessa do Córrego da independência.
O aposentado João Alves, 72 anos, costuma caminhar e toma "um solzinho" lá. Ele conta que a natureza é um ponto positivo do parque e que o negativo é o lixo. Segundo ele, antes havia pelo menos cinco pessoas capinando e cuidando da limpeza, agora é uma.

A segurança é outra preocupação dos moradores da região. Para Elaine Santos, 18 anos, o local deveria ter mais policiamento. "As crianças nem podem brincar", afirmou.
Nesta sexta-feira (6), a reportagem verificou que alguns bancos e mesas de cimento, lixeira e até uma churrasqueira de tijolos estavam quebrados. Além disso, no chão é possível ver as marcas onde corrimãos estavam instalados. Segundo um frequentador, eles foram retirados há aproximadamente sete meses.
Outra parte do parque é acessada por trilhas que cortam a mata. Quem circula no local diz que não há segurança naquele trecho e há algumas pessoas vivendo irregularmente na área há cerca de um ano.

Resposta

A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, gestão Bruno Covas (PSDB), disse que a segunda fase das obras no parque Juliana de Carvalho Torres ainda não foi realizada devido a ocupação de parte da área desde 29 de setembro de 2018. O pedido de reintegração de posse ainda não foi julgado. Ações de limpeza e manejo são feitas.

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