Terminais em SP têm demarcações na plataforma, mas ônibus enche

Passageiros ignoram marcação no chão para manter a distância e reclamam da superlotação

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São Paulo

Alguns terminais de ônibus de São Paulo já receberam pintura no chão que indica a distância mínima que as pessoas devem manter entre elas por causa do coronavírus. No entanto, a medida implantada pela SPTrans, nesta quarta (1°) começou com falhas.

Em algumas filas, as pessoas não seguiram a recomendação de ficar separadas e nenhum funcionário da SPTrans, responsável pelos ônibus da capital paulista, orientava os passageiros. Esse foi o caso da fila da linha 4313-10 Terminal Cidade Tiradentes/Terminal Parque Dom Pedro).

Passageiros embarcam em ônibus no Terminal Cidade Tiradentes, na zona leste de São Paulo, onde o chão foi pintado para os usuários manterem distância
Passageiros embarcam em ônibus no Terminal Cidade Tiradentes, na zona leste de São Paulo, onde o chão foi pintado para os usuários manterem distância - Rivaldo Gomes/Folhapress

Outro problema da iniciativa promovida pela Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB), é que a medida não resolve a superlotação dos ônibus, de acordo com passageiros ouvidos pela reportagem.

"Eu passo dez minutos nessa fila e uma hora dentro do ônibus lotado. De que adianta separar as pessoas se no ônibus junta tudo de novo?", questiona a balconista de supermercado Vilma Santana, 40 anos.

Ela mora em Cidade Tiradentes, zona leste da capital paulista, e precisa embarcar todos os dias na linha 407L-10 - Barro Branco/Metrô Guilhermina-Esperança para ir até o trabalho, em Guaianases.

Os terminais Pq. Dom Pedro, Santo Amaro, Tiradentes, Jd. Ângela, Bandeira e Grajaú foram os primeiros a receber as marcações de filas. Segundo a SPTrans, a previsão é de que todos os 31 terminais municipais recebam a pintura.

Na manhã desta quinta-feira (2), a reportagem viu que as pessoas até estavam separadas na fila para o coletivo, no Terminal Cidade Tiradentes, de onde partiu com os passageiros sentados. Mas, ao longo do caminho, o ônibus ficou cheio e as pessoas não tinham como manter distância.

O encanador Gilvandro Rodrigues, 47 anos, também reclama da situação. Ele pega três linhas de ônibus para chegar ao trabalho. O início da jornada é no Terminal Cidade Tiradentes, por volta das 4h, com destino ao Parque Novo Mundo, na zona norte, onde trabalha.

"O pessoal fala que está vazio, mas tá lotado".

Não resolve o problema

Para Sergio Ejzenberg, engenheiro de transporte e mestre pela Escola Politécnica da USP, pintar uma faixa para separar as filas nos terminais não resolve o problema se a frota for reduzida.

"Não tem sentido reduzir, se fizer isso irá manter o mesmo volume de ocupação nos ônibus", explica o especialista. "Antes da pandemia eram 8 pessoas por metro quadrado, agora temos que ter 1 pessoa por metro quadrado. Com menos ônibus não será possível chegar neste número. Precisamos de uma frota que garanta pessoas sentadas banco sim e banco não, ou seja, se a demanda caiu 80%, não posso reduzir a oferta", diz o especialista.

"Vai ter que investir em ônibus rodando vazio ou vai ter que investir em hospitais e cemitérios. O que custa mais, ter que aumentar a capacidade de hospitais ou deixar uma capacidade ociosa no transporte para evitar contágios", questiona.

Frota de ônibus será aumentada

Em nota, a SPTrans afirma que colocará mais 163 ônibus em circulação a partir desta sexta-feira (3), totalizando um reforço de 394 coletivos esta semana para atender a população que precisa continuar se deslocando durante a quarentena. "A frota em operação já chega a 44,14% de um dia útil, enquanto o número de passageiros está em 26%", diz o texto.

Segundo a companhia, os ônibus extras serão distribuídos em 157 linhas que atendem pontos "estratégicos da cidade, como terminais e estações de metrô, definidos após uma criteriosa análise de demanda realizada pelos técnicos".

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