O distrito do Grajaú (zona sul) lidera o número de movimentação de pessoas fora de casa na capital paulista, segundo relatório da prefeitura do último dia 29. A região também registrou a maior quantidade de casos confirmados, além de ser a terceira em mortes decorrentes da Covid-19, com 6.726 e 183 ocorrências, respectivamente.
De acordo com a Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados), o Grajaú é também o distrito mais povoado da cidade, dos 96 existentes, com 387.148 habitantes. Estes dados são referentes ao ano passado.
Segundo a gestão
Depois do Grajaú, as regiões de Brasilândia e Cidade Ademar, nas zonas norte e sul respectivamente, são as com o maior número de pessoas que desrespeitam o isolamento social. O número total de habitantes fora de suas casas, no entanto, não foi informado.
Usando máscara em um ponto de ônibus, o açougueiro Fábio Alves, 29, aguardava a sua linha para ir trabalhar, por volta das 11h40 desta quarta-feira (3). Ele usa diariamente transporte público para sair do Grajaú, onde mora, e se deslocar até o açougue onde presta serviço, no bairro Cantinho do Céu (zona sul).
“É ruim ter que embarcar todos os dias em ônibus, que estão cada vez mais cheios de gente. Mas preciso ir trabalhar e me expor ao risco [do coronavírus]", lamentou.
O inspetor de segurança Fernando Antônio da Boa Morte, 36, afirmou que o fato de o Grajaú liderar o número de casos confirmados de Covid-19 é um reflexo, em sua opinião, de a região também ser a com maior número de pessoas circulando fora de casa.
“As pessoas não estão levando a sério [os riscos de contaminação], desacreditam do coronavírus. Os dados [sobre contaminações e mortes no Grajaú] estão aí para provar o equívoco do povo’”, afirmou.
Infectologista atribui infecções ao transporte público
Para o infectologista Paulo Olzon, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), o uso do transporte público estaria relacionado ao fato de os bairros periféricos liderarem os registros de pessoas fora de casa, além de contaminação e morte pela Covid-19 na capital. “As pessoas precisam trabalhar e, para se deslocar, usam ônibus e metrô”, afirmou.
O especialista acrescentou que os transportes coletivos oferecem um ambiente propício para a contaminação pelo vírus, por serem ambientes fechados. “A circulação maior de pessoas na rua [durante a quarentena] não tem relação com o aumento de casos nas regiões. As contaminações acontecem em ambientes fechados, como o transporte público.”
Morador do Grajaú, o montador de gesso Daniel Alves Pereira, 39, disse usar ônibus todos os dias para ir à região central. O número de usuários, acrescentou, aumentou expressivamente nas últimas semanas. “Uso porque preciso, mas sinto muita insegurança de ser contaminado quando entro no ônibus", admitiu.
Resposta
A prefeitura, gestão
O Agora também questionou o governo municipal sobre quais medidas estão sendo tomadas nos distritos com maior registro de descumprimentos ao isolamento social na cidade. Nenhum posicionamento também foi enviado.
Veja distritos com mais deslocamentos
Região | População | Total de casos* | Total de Mortes** | Índice de deslocamento** |
Grajaú | 390.096 | 6.276 | 183 | 4,63 |
Brasilândia | 281.977 | 4.943 | 209 | 4,43 |
Cidade Ademar | 285.677 | 2.462 | 151 | 4,37 |
Capão Redondo | 296.378 | 4.301 | 163 | 4,34 |
Sapopemba | 289.759 | 3.896 | 205 | 4,28 |
Sacomã | 263.621 | 3.027 | 144 | 4,25 |
Jardim Paulista | 9.0719 | 968 | 45 | 4,17 |
Cidade Tiradentes | 235.630 | 3.027 | 131 | 4,16 |
Itaim Paulista | 234.912 | 2.686 | 122 | 4,15 |
Jardim Ângela | 338.265 | 4.835 | 156 | 4,15 |
Jardim São Luís | 293.660 | 4.141 | 157 | 4,14 |
Jabaquara | 229.346 | 1.880 | 123 | 4,12 |
Lajeado | 174.539 | 2.494 | 102 | 4,1 |
Campo Limpo | 228.893 | 4.117 | 86 | 4,05 |
Santa Cecília | 88.518 | 544 | 71 | 3,89 |
Itaquera | 211.555 | 3.307 | 139 | 3,84 |
* Dados de 18/5
**Dados de 27/5
Fonte: Prefeitura de São Paulo
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