Motoboys apontam aumento nos acidentes e homenageiam profissionais da reabilitação

Entregadores se reuniram em frente à unidade da rede Lucy Montoro na Vila Mariana

São Paulo

Dezenas de motoboys participaram, no início da tarde desta segunda-feira (29), de uma homenagem aos profissionais da Rede de Reabitação Lucy Montoro, na Vila Mariana (zona sul). Os entregadores contam que, durante a pandemia do novo coronavírus, o número de acidentes aumentou muito e que a recuperação só tem sido possível graças ao empenho dos trabalhadores da saúde pública.

Presidente interino do Sindimoto, Gerson Silva Cunha afirma que havia 280 mil motoboys na Grande SP antes da pandemia e que o número praticamente dobrou desde março. “Por causa da pandemia, aumentou o número de entregadores e de acidentes envolvendo motocicletas. A rede Lucy Montoro tem feito um trabalho de reabilitação, de orientação dos motoboys sequelados. Neste último mês, são quatro motoboys sem as pernas e a rede está fazendo o trabalho de reabilitação”, diz.

Cunha também critica a falta de apoio de empresas de entrega por aplicativo no momento em que um trabalhador sofre um acidente. “Acaba sobrando para o estado. Elas não têm responsabilidade nenhuma, devido à precarização. Vem instaurando um caos na categoria”, afirma.

A homenagem feita pelos motoboys emocionou os profissionais da rede Lucy Montoro. “A gente tem um aumento nos óbitos e também nos acidentes graves. Nesta semana mesmo, recebemos seis novos pacientes desse grupo. A faixa etária de quem trabalha nessa área é dos jovens, muitos sem recursos da empresa que compra o serviço deles e do sistema governamental também. Existe aí um bom modelo de melhorias [para ser aplicado]”, afirma a presidente do Conselho Diretor do Instituto de Medicina Física e Reabilitação HCFMUSP, Linamara Rizzo Battistella.

Linamara conta que foi feito um vídeo com uma série de orientações para os motoboys, que são vistos por ela como essenciais um momento como o atual. “A sociedade não se dá conta de que aquele trabalhador tão importante não está sendo adequadamente remunerado. E a gente ver o jovem chegar aqui sem perna, paralisado, é muito triste”, afirma.

Em meio a tantas notícias tristes, a porta-voz da rede de reabilitação vê motivo de esperança. “Acho interessante como essa pandemia aflorou também esse sentimento de solidariedade e respeito, dessa gratidão”, diz.

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