Roubos com mortes aumentam no estado de São Paulo

Registro de crimes sexuais caem devido à subnotificação provocada pelo isolamento social, segundo secretário executivo da PM

São Paulo

Os latrocínios (roubos com morte) aumentaram 16% no estado de São Paulo nos cinco primeiros meses deste ano. Foram 69 casos em 2019 e 80 no mesmo período de 2020. Os dados são da SSP (Secretaria da Segurança Pública), divulgados na noite de quinta-feira (25).

Carro da Polícia Militar de São Paulo durante tentativa de assalto na zona oeste da capital - Zanone Fraissat - 02.jun.2020/Folhapress

Ao todo, 82 pessoas foram mortas em assaltos, entre janeiro e março deste ano no estado. Isso equivale a uma morte a cada quase dois dias. No mesmo período de 2019, foram registradas 71 mortes durante roubos.

Os homicídios também aumentaram no estado, de 1.182 para 1.249 (5,6%), resultando respectivamente em 1.243 e 1.300 vítimas de assassinatos -- uma alta de 4,5%.

A capital paulista também registrou aumento de 2,8% no número de homicídios dolosos (com intenção) entre janeiro e maio. Foram 282 casos no ano passado e 290 em 2020. Já os latrocínios caíram de 23 para 21 na cidade.

Os roubos em geral aumentaram em 3% na capital, indo de 55.684 para 57.398, da mesma forma que os roubos a banco, que subiram de 6 para 10 (66,6%). Considerando o período, os roubos de veículo caíram na cidade em 28,3%, da mesma forma que roubos de carga (-12,5%), furtos em geral (-24,7%) e furtos de veículos (-27%).

O estado também registrou queda de 6,2% nos roubos em geral, 27,5% nos roubos de veículos, 15% nos roubos de carga, 24,3% nos furtos em geral e 25,5% nos furtos de veículos. Os assaltos a banco, porém, dobraram de 7 para 14.

Subnotificação faz registros de estupros despencarem

Os registros de estupros caíam em abril e maio, meses em que parte da população permaneceu em isolamento social no estado de São Paulo em decorrência da pandemia do novo coronavírus.

Segundo a SSP, foram registrados 661 casos em abril deste ano e 669 em maio, representando queda de 35% e 37,9% de registros em relação às 1.018 e 1078 ocorrências nos mesmos meses de 2019.

O coronel Álvaro Camilo, secretário executivo da Polícia Militar paulista, atribui a queda à subnotificação dos crimes (quando ocorrências deixam de ser registradas pelas vítimas).

“Apesar de existirem canais de denúncia para este tipo de crime, temos de fato a subnotificação, pois os autores estão junto com as vítimas, na maioria das vezes. A vitima não tem nem mesmo para onde fugir [por causa da pandemia da Covid-19] e fica o tempo todo com o abusador”, analisou.

O oficial disse que, futuramente, possa ocorrer aumento nos registros de crimes sexuais, a partir do momento em que as vítimas conseguirem denunciar formalmente os abusos.

Análise

O coronel Camilo reforçou que a maioria indicadores criminais caiu no estado de São Paulo e capital paulista, como roubos e furtos. Ele atribui a redução à quarentena decretada pelo governo estadual, em 24 de março.

“Por causa da quarentena, há mais policiais nas ruas e serviços como a Ronda Escolar, escolta de presos e policiamento de eventos públicos [como shows], que deslocariam policiais de rondas, não estão ocorrendo”, explicou.

Sobre o aumento de homicídios, o oficial afirmou ter chegado um momento em que fica difícil reduzir este tipo de crime, que registrou baixas constantes nos últimos anos em São Paulo. Ele ainda destacou ser impossível prever onde os assassinatos podem ocorrer.

Porém, a polícia desenvolve ações que, segundo ele, indiretamente podem contribuir para a diminuição dos crimes com mortes. “Reforçamos as ações de combate ao tráfico de drogas e à apreensão de armas de fogo, com o intuito de minimizar as possibilidades de que ocorram eventuais homicídios”, explicou.

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