Salões de beleza que ainda não abriram se preparam para o retorno em SP

Apesar de só estarem liberadas a partir de segunda-feira, barbearias funcionavam nesta sexta-feira na zona leste

São Paulo

Apesar de a reabertura estar liberada apenas na segunda-feira (6), salões de beleza e barbearias funcionam na periferia de São Paulo. Alguns com regras próprias para tentar impedir o avanço da Covid-19. Nesta sexta-feira, o Agora encontrou estabelecimentos se preparando para a reabertura e outros já em funcionamento, em Cidade Tiradentes (zona leste).

Durante a tarde, a cabeleireira Valéria da Silva Neves, 33, foi até o salão em que trabalha para arrumar e limpar o espaço, a fim de prepará-lo para a reabertura. “Estamos recomeçando. Esses três meses não foram fáceis, mas estamos animados”, afirma. Durante o período em que ficou parada, ela recorreu ao auxílio emergencial. “Isso ajudou bastante”, comenta.

Enquanto o local estava fechado, uma infiltração danificou um móvel e levou à perda de produtos, causando um prejuízo de aproximadamente R$ 2.000. Além disso, ela tem encontrado dificuldade para adquirir os materiais de que precisa.

Salões e barbearias de Cidade Tiradentes (zona leste) adaptam o funcionamento às medidas de prevenção durante a pandemia
Salões e barbearias de Cidade Tiradentes (zona leste) adaptam o funcionamento às medidas de prevenção durante a pandemia - Rivaldo Gomes/Folhapress

A pandemia fez com que diversas medidas fossem tomadas para a volta ao trabalho. O espaço vai fornecer máscaras e escudos para todos. No caso das máscaras, elas serão trocadas a cada duas horas, mesmo intervalo em que o banheiro será higienizado.

A quantidade de clientes atendidos também irá reduzir. Antes da pandemia, cada funcionária atendia cerca de três pessoas por dia. Com a reabertura, será apenas uma, mediante agendamento e seguindo o distanciamento social. Neves conta que alguns serviços não poderão ser realizados. “Tem trabalho que precisa de 12 horas seguidas para ficar pronto”, afirma.

Verônica Almeida, 28, é auxiliar administrativa de uma escola e salão de beleza que voltará a atender nesta segunda-feira. No último dia 8, o local foi aberto por tempo reduzido apenas para processos financeiros, como recebimento de parcelas. Desde esta data há potes de álcool em gel disponibilizados e todos os funcionários têm usado máscaras.

Para receber clientes, o estabelecimento só funcionará com hora marcada, haverá medição de temperatura na entrada e eles precisarão responder um formulário informando se tiveram sintomas ou contato com alguém que teve Covid-19. “A volta ao trabalho será como se todos estivessem contaminados”, exemplifica.

Em relação à escola de beleza, Almeida afirma que haverá a retomada de cursos curtos, com poucas horas de duração por aula. Os alunos serão divididos em turmas de cinco pessoas. Assim, haverá a distância de uma cadeira por sala.

Valéria da Silva Neves foi nesta sexta (3) ao salão onde trabalha, em Cidade Tiradentes, para fazer a limpeza, preparando-se para a volta, na segunda-feira (6)
Valéria da Silva Neves foi nesta sexta (3) ao salão onde trabalha, em Cidade Tiradentes, para fazer a limpeza, preparando-se para a volta, na segunda-feira (6) - Rivaldo Gomes/Folhapress

Segundo a gestão Bruno Covas (PSDB), os salões deverão funcionar por seis horas, com 40% da capacidade total e uso obrigatório de máscaras. Neste sábado (4), haverá a assinatura de protocolos específicos para a retomada do setor. ​

Com placas avisando sobre o uso de máscaras, oferta de álcool em gel e um banco na entrada para que os clientes possam aguardar do lado de fora, uma barbearia já tem atendido clientes. “Seria bom todo mundo continuar nesse ritmo [com as medidas de segurança] para o vírus não se espalhar mais”, afirma o barbeiro. Em relação às novas regras, a limitação de horário pode ser uma dificuldade, porque a maior parte dos clientes costuma ir ao estabelecimento à noite, após chegar do trabalho.

Até esta sexta-feira, o assistente administrativo Victor Diniz, 26 anos, estava cortando o cabelo em casa, mas prefere no salão. Para ele, a flexibilização não influencia nos salões e barbearias porque “o pessoal pode esperar do lado de fora e utilizar máscara”, comenta. Victor ressalta que a prevenção é importante, já que “o vírus preocupa até sair a vacina”, diz.

Durante a pandemia, o comerciante Robson Ramos, 42, tem marcado hora para cortar o cabelo. Ele destaca que a flexibilização é importante para o movimento do comércio, ao mesmo tempo em que há preocupação com o vírus. “Se não trabalhar, não vive”, resume.

“Estamos pela necessidade, não luxo. É o nosso único ganha-pão”, diz um barbeiro que estava com as portas abertas, mas sem clientes. Ele explica que tem atendido com hora marcada seguindo todos os cuidados de higiene. Para ele, a reabertura das barbearias e salões é viável por não gerar aglomerações se comparados a shoppings e lotéricas, por exemplo.

Em uma outra barbearia que já retornou às atividades, há álcool em gel disponível e o uso de máscaras também é obrigatório. Cada cliente é atendido a cerca de 2 metros de distância um do outro. “Se tiver muita gente, pedimos para aguardar na praça”, explica.

Associação divulga medidas preventivas

A Associação Brasileira de Salões de Beleza (ABSB) recomenda que a retomada das atividades seja feita com base em agendamentos para evitar filas, uso de máscara, disponibilização de álcool em gel e borrifador para as solas de sapatos.

Todos os estabelecimentos deverão desinfetar superfícies, ferramentas, toalhas e roupas. Essa higienização também deverá ser feita entre um atendimento e outro. A associação também sugere retirar tapetes e manter uma decoração “minimalista” para facilitar a limpeza.

Além disso, é importante aumentar a frequência de higienização do chão, puxadores, maçanetas e interruptores. Em relação ao pagamento, a organização ressalta a importância de limpar as máquinas de cartão após o uso e, no caso de dinheiro, higienizar as mãos. Toda equipe deve ser treinada sobre as medidas preventivas. Também vale colocar cartazes informativos no estabelecimento.

A ABSB recomenda ainda que os estabelecimentos levem em consideração os decretos públicos e as orientações de entidades como a Opas (Organização Pan-Americana da Saúde), OMS (Organização Mundial de Saúde), Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e Ministério da Saúde.

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