A Corregedoria-Geral do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) identificou dois títulos de eleitor, dos quais um é falso, relacionados ao empresário Paulo Cupertino Matias, 50 anos, principal suspeito de matar o ator Rafael Miguel e os pais do jovem, em 9 de junho do ano passado, na zona sul da capital paulista.
Cupertino é foragido da Justiça e estaria fugindo, por meio de caronas com caminhoneiros, após uma identidade falsa usada pelo suspeito ser divulgada pela polícia. A prisão preventiva dele foi decretada pela Justiça em 19 junho do ano passado.
Usando o nome falso de Manoel Machado da Silva, o empresário conseguiu emitir o segundo título de eleitor falso em Ponta Porã (MS), cinco dias após o triplo assassinato, segundo o TSE. A polícia investiga a motivação para a confecção deste documento.
Segundo despacho assinado pelo juiz auxiliar Richard Pae Kim, na quarta-feira (4), o título com o nome falso usado pelo empresário deveria ser cancelado assim que a Justiça Eleitoral do Mato Grosso recebesse o documento, o que ainda não aconteceu.
A manifestação da Corregedoria ocorreu após ela ter ciência do RG falso de Cupertino, por meio da imprensa. O TSE acrescentou não ter identificado a duplicidade de inscrições por causa da ausência de identificação biométrica no documento original de Cupertino, emitido em 11 de maio de 1990.
Em nota o TRE-MS (Tribunal Regional Eleitoral do Mato Grosso do Sul) confirmou que não há registro biométrico de Cupertino em seu banco de dados, o que possibilitou a feitura do documento falso. “Isso reforça a importância da biometria, pois, se houvessem os dados no primeiro título, ele teria sido localizado antes”, afirma o tribunal regional.
O TRE-MS disse ainda aguardar o recebimento do despacho do TSE, “para averiguar a situação.”
Carteirinha do SUS
Além do RG e do título de eleitor falsos, Paulo Cupertino também solicitou a feitura de um cartão do SUS (Sistema Único de Saúde), mas não chegou a pegar o documento, segundo o delegado Pablo Reis, titular da Delegacia de Eldorado (MS), região onde o empresário ficou escondido por cerca de um ano.
"Como ele morava zona rural, as agentes de saúde do municópio, que costumam fazer visitas periódicas às pessoas que moram longe da área urbana, pegou os dados [falsos] do suspeito em uma dessas visitas para fazer carteirinha [do SUS]. Ela chegou a ser feita, mas sequer foi entregue a ele", afirmou o policial nesta sexta-feira (6) ao Agora.
Além da fuga por meio de caronas com caminhoneiros, o titular investiga ainda se Cupertino fugiu pelos ares, com a ajuda de um piloto de avião que o acolheu em um sítio na região de Eldorado, onde Cupertino era conhecido como Manoel.
As polícias de São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul trabalham conjuntamente para localizar o suspeito. A polícia paraguaia também foi acionada para ajudar nas buscas.
A polícia pede para quem tiver informação sobre o foragido ligar ao Disque Denúncia, no número 181.
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