Confira onde ver filmes de Orson Welles

Lista traz "Cidadão Kane", tema do novo longa "Mank", e outros títulos do ator e diretor

O ator e diretor Orson Welles em cena de "Cidadão Kane (1941) - Reprodução
São Paulo

“Cidadão Kane”, de Orson Welles, sempre figura em primeiro lugar nas listas dos melhores filmes da história. Lançado em 1941, esta obra-prima moldou o cinema moderno com muitas inovações: a estrutura narrativa baseada em flashbacks, as sequências com profundidade de campo, o uso do som, entre outras.

O filme "Mank", filme lançado pela Netflix, mostra parte da gênese de “Cidadão Kane”. Dirigido por David Fincher (“Clube da Luta” e “A Rede Social”), o longa concentra-se na figura do roteirista Herman Mankiewicz, interpretado magistralmente por Gary Oldman.

Mank havia sido escolhido por Welles para desenvolver o roteiro de “Kane” com a condição de não levar crédito pelo trabalho. Chamado de ‘garoto de ouro’, o diretor e ator, então com 24 anos, havia recebido carta branca do estúdio RKO Pictures para realizar o seu primeiro filme.

Mankiewicz era um nome conhecido na indústria do cinema. Havia integrado as equipes de roteiristas da Paramount e da MGM, mas o alcoolismo e o vício em jogos, e talvez suas posições políticas e a língua ferina, levaram sua carreira para o limbo. Estava nessa situação quando aceitou a encomenda de Welles.

No longa, Fincher usa flashbacks para levar o público à fonte de inspiração de Mank, o magnata das comunicações William Randolph Hearst e quem orbitava o empresário: a amante Marion Davies, donos de estúdios, produtores de cinema, assistentes etc.

Em paralelo, acompanhamos o processo criativo de Mank, vigiado para não beber e sempre cobrado por seu agente. Ao final, há o embate sobre a paternidade do roteiro. Welles foi creditado e recebeu, ao lado de Mank, um Oscar, embora o longa sustente que o roteirista foi seu único autor.

E ficam as perguntas: qual o peso do roteiro na revolução que “Kane” causou na indústria do cinema? A quem atribuir a genialidade do filme? A seguir, sugiro outros filmes de Welles e um de Mank, o único disponível nos serviços de streaming. Os preços e a disponibilidade foram pesquisados no dia 17 de dezembro.

ONDE VER

MANK (2020)
Netflix: grátis para assinantes

CIDADÃO KANE (1941)
Apple TV: R$ 19,90 (compra)
Google Play: R$ 7,90 (aluguel) e R$ 19,90 (compra)
Microsoft Store: R$ 7,90 (aluguel) e R$ 19,90 (compra)
Looke: R$ 7,99 (aluguel)

Cena do filme "Jane Eire"
Joan Fontaine e Orson Welles em cena do filme "Jane Eyre" (1943) - Divulgação

JANE EYRE (1943)
Orson Welles contracena com Joan Fontaine nesta adaptação do clássico de Charlotte Bronte, que já recebeu inúmeras versões no cinema. Ele é o taciturno senhor Rochester, dono da propriedade onde Jane Eyre vai trabalhar como governanta. Ela acaba de deixar a instituição para órfãs onde viveu durante a infância e a adolescência. Contratada para cuidar da filha de Rochester, se sente atraída pelo patrão, apesar da aspereza e do mau humor dele. Ele parece corresponder ao afeto de Jane, mas um mistério que paira sobre a casa da família será determinante para o futuro do casal.

ONDE VER
Oldflix: grátis para assinantes

Cena do filme "Soberba" (1942), de Orson Welles - Divulgação

SOBERBA (1942)
Welles dirigiu, escreveu o roteiro e foi o narrador deste filme sobre o esplendor e a derrocada dos Ambersons, família rica de uma cidade no interior dos EUA no final do século 19. Foi o longa que sucedeu “Cidadão Kane”. O roteiro é mais clássico, linear, sem a engenhosidade do antecessor. O que não significa que o filme não tenha qualidade. Como na sequência inicial, que mostra a evolução da cidade por meio dos hábitos dos moradores, no uso novamente da profundidade de campo e na fotografia em preto e branco, com contrastes entre sombra e luz.

ONDE VER
NetMovies: grátis
Looke: grátis para assinantes, R$ 3,99 (aluguel) e R$ 14,99 (compra)
NOW: para assinantes do Looke

Cena do filme "O Estranho"
Welles e atriz Loretta Young em cena do filme "O Estranho" (1946) - Divulgação

O ESTRANHO (1946)
Welles dirige este longa sobre um ex-nazista que se esconde sob a identidade de um professor no interior dos EUA. Além de dirigir, ele interpreta o personagem principal, que vê seu disfarce sob risco com a chegada de um caçador de nazistas à cidade. A versão original de Welles era mais extensa que o longa lançado pela "International Pictures”. O estúdio autorizou o editor a cortar sequências ‘desnecessárias’, mesmo sem anuência do diretor. Com isso, ficaram fora do longa os 19 minutos iniciais, que Welles descreveu como “sonhos selvagens”.

ONDE VER
Telecine Play: grátis para assinantes
NetMovies: grátis
Looke: grátis para assinantes, R$ 3,99 (aluguel) e R$ 14,99 (compra)
NOW: R$ 2,90 (aluguel)

Cena do filme "O Terceiro Homem" (1949) com Joseph Cotten e Orson Welles - Divulgação

O TERCEIRO HOMEM (1949)
Este filme noir que tem Orson Welles no elenco é uma adaptação da obra do escritor britânico Graham Greene. A história se passa em Viena, no pós-Segunda Guerra. O falido Holly Martins, um escritor americano de livros populares, é convidado pelo amigo Harry Limes a passar um tempo na cidade. Quando chega a Viena, Martins descobre que Limes morreu em um acidente mal explicado. Logo passa a investigar a morte do amigo, o que o leva até a amante de Limes e a amigos misteriosos. O longa, que sempre citado em listas dos melhores filmes da história do cinema, é um dos favoritos de Martin Scorsese.

ONDE VER
Apple TV: R$ 11,90 (aluguel) e R$ 12,90 (compra)
Google Play: R$ 3,90 (aluguel) e R$ 24,90 (compra)
Microsoft Store: R$ 4,90 (aluguel) e R$ 16,90 (compra)
NetMovies: grátis
Looke: grátis para assinantes, R$ 3,99 (aluguel) e R$ 14,99 (compra)
NOW: para assinantes do Looke

Os cineastas John Huston e Peter Bogdanovich em cena de "O Outro Lado do Vento" (2018) - Divulgação

O OUTRO LADO DO VENTO (2018)
Orson Welles iniciou a filmagem de “O Outro Lado do Vento” nos anos 1970 e prosseguiu com a montagem do longa na década seguinte, mas dificuldades na produção e de financiamento o impediram de finalizar a obra antes de sua morte, em 1985. Welles deixou horas editadas e partes do roteiro do que seria o filme. Depois de décadas, a Netflix comprou os direitos sobre o material e finalizou o longa em 2018, uma obra experimental e com pinceladas autobiográficas, em que Welles retrata os últimos dias de um diretor de cinema, interpretado pelo cineasta John Huston.

ONDE VER
Netflix: grátis para assinantes

Cena do filme "San Francisco, a Cidade do Pecado"
Clark Gable e Jeanette MacDonald em cena do filme "San Francisco, a Cidade do Pecado" (1936) - Divulgação

SAN FRANCISCO, A CIDADE DO PECADO (1936)
O nome de Herman Mankiewicz não aparece nos créditos deste longa, mas as fontes oficiais o incluem entre seus roteiristas. Na trama, Clark Gable é Blackie Norton, dono de um misto de casa de espetáculos e cassino em São Francisco, em 1906, onde a cantora Mary Blake (Jeanette MacDonald) vai procurar emprego. Começa então um vaivém amoroso entre os dois, intermediado pelo padre interpretado por Spencer Tracy. Outro destaque do filme é a sequência que retrata o terremoto que destruiu a cidade em 1906, com efeitos especiais eficientes, se levarmos em conta que o filme foi produzido há 84 anos.

ONDE VER
Oldflix: grátis para assinantes

Hanuska Bertoia
Hanuska Bertoia

47 anos, é formada e pós-graduada em jornalismo. Gosta de ver filmes em qualquer plataforma (TV, celular, tablet), mas não dispensa uma sala de cinema tradicional.

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