Descrição de chapéu Zona Sul

Médicos de hospital na zona sul de SP deixam de trabalhar alegando insegurança

Funcionários do Complexo Hospitalar de Heliópolis afirmam ser vítimas de assaltos e tentativas de roubo

São Paulo

Ao menos metade dos residentes médicos do Complexo Hospitalar Heliópolis deixaram de ir à unidade, na zona sul da capital paulista, desde esta quarta-feira (24), em protesto contra a escalada de violência que afirmam sofrer nas imediações e no estacionamento do local, há pelo menos 11 dias. O hospital é administrado pela gestão João Doria (PSDB).

A Secretaria de Estado da Saúde afirmou que 122 residentes atuavam na unidade, nesta quinta-feira (25), representando 50% do total que trabalha no local.

Uma carta assinada por 68 profissionais foi entregue nesta quarta à direção do complexo hospitalar, exigindo medidas que assegurem a integridade de funcionários e pacientes.

No último dia 17, um médico que trabalha no complexo há 15 anos afirma ter sido abordado por dois jovens, por volta das 17h, após sair da unidade hospitalar e trafegar com seu carro blindado, por cerca de dez metros, pela rua Cônego Xavier —que dá acesso à unidade de saúde.

"O dia estava chuvoso. Consegui avistar dois moleques. Um deles entrou na frente do meu carro, segurando o que parecia uma arma. Não sei se era verdadeira, ou de brinquedo. Como meu carro é blindado, acelerei e ele saiu da frente”, relembra.

Entrada do Hospital Heliópolis, na zona sul de São Paulo; médicos reclamam da falta de segurança na região - Ronny Santos - 16.jun.15/Folhapress


Após a abordagem, o médico ligou para seus residentes, pedindo para que tomassem cuidado ao sair da unidade de saúde. “Em 15 anos trabalhando em Heliópolis, esta é a segunda vez em que ocorre uma onda de assaltos, ou tentativa deles, na região”, afirmou.

Por ter sido vítima de uma tentativa de roubo, o médico não registrou o caso em boletim de ocorrência. Essa postura, segundo funcionários do hospital, foi seguida por quase todos as vítimas.

Segundo relatado à reportagem por um médico residente, ocorreram ao menos 11 crimes, como assaltos e tentativas de roubo, entre o dia 14 e esta quinta-feira (25), nas proximidades do hospital e também no estacionamento da unidade. “A polícia informou que só poderia atuar na região se o pessoal registrasse na delegacia os crimes. Por isso, pelo que me falaram, alguns médicos já estão providenciando isso”, disse.

Ele acrescentou que 30% dos residentes estão indo até o hospital para garantir atendimento aos pacientes que procuraram a unidade, destoando do dado informado pela gestão Doria.

“Queremos medidas imediatas, para garantir nossa segurança. Estamos com medo de vir trabalhar e ser mais uma pessoa assaltada. Este problema começou faz pouco tempo, não tinha essa insegurança que agora vivenciamos”, afirmou ainda o médico residente, que trabalha há cerca de dois anos na unidade.

No documento enviado à direção do complexo hospitalar, nesta quarta, os funcionários afirmam que os roubos ocorrem na rua Cônego Xavier, usada para o acesso e saída do hospital, e também no estacionamento do local.

Entre os pedidos feitos à direção da unidade, consta a presença “imediata e provisória” de uma viatura da Polícia Militar em frente à portaria do hospital, para inibir criminosos. De forma permanente, os profissionais da saúde solicitam a instalação de uma base fixa da corporação, nas imediações do hospital.

Entrada dificultada

Além do policiamento, os funcionários do hospital também reclamam sobre o fato de não poderem ingressar na unidade quando estão dentro de carros de aplicativo. Por causa disso, precisam desembarcar em via pública, ficando "vulneráveis a ações de meliantes no local”, diz trecho do documento entregue à direção da unidade.

Os médicos ainda pedem a instalação de uma cabine com vigilante, no centro do estacionamento, aumento do efetivo da segurança do hospital, além do impedimento da circulação de pessoas que não utilizam a unidade.

Resposta

O Complexo Hospitalar Heliópolis afirmou, por meio da Secretaria de Estado da Saúde, gestão João Doria (PSDB), que os atendimentos estão garantidos na unidade por 1.800 profissionais, além de 122 residentes. A paralisação dos residentes, acrescentou a pasta, "não impacta na assistência."

"A diretoria apurou que o percentual de adesão à paralisação é de aproximadamente metade e não 70% como informado à reportagem [por um dos funcionários]", diz trecho de nota.

Sobre os roubos e tentativas de assalto, sofridos por funcionários, a unidade de saúde afirmou permanecer à disposição da polícia "para contribuir com as investigações."

A Polícia Militar afirmou que a 2ª Cia. do 46º Batalhão, responsável pela região, irá reorientar e intensificar as rondas "com base na análise dos índices de ocorrências criminais."

A SSP (Secretaria da Segurança Pública), também da gestão Doria, afirmou que dos 11 casos mencionados por vítimas, três foram registrados e são investigados pelo 95º DP (Heliópolis).

A pasta reforça para que as vítimas registrem boletim de ocorrência para que os crimes possam ser investigados e os suspeitos eventualmente identificados, "além de servirem como fonte para o planejamento do patrulhamento e criação de estratégias eficazes de policiamento".

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