A Prefeitura de São Bernardo do Campo (ABC) anunciou que irá decretar toque de recolher na cidade a partir do próximo sábado (27), entre 22h e 5h. Por causa desta decisão, o reinício das aulas no município, que estava marcado para 1º de março, foi adiado para o dia 15. A medida também atinge a rede particular.
O Consórcio Intermunicipal Grande ABC irá se reunir na próxima quarta-feira (23) para decidir se as demais cidades da região (Santo André, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra) também adotarão toque de recolher.
Em entrevista ao Agora, na noite desta segunda (22), o prefeito Orlando Morando (PSDB) afirmou que a decisão foi motivada pelo aumento no número de pacientes internados com Covid-19 nas últimas semanas. Segundo ele, a taxa de ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) é de 87% na rede municipal e de 91% nos hospitais particulares.
No dia 20 de janeiro, há pouco mais de um mês, a taxa de ocupação de leitos públicos de UTI era de 58%. Ou seja, um crescimento de 29 pontos percentuais. "Nem no pior pico, na primeira onda, nós chegamos a este número", disse Morando.
"Neste final de semana cresceu ainda mais e hoje nós chegamos a esse número que nos obriga tomar medidas mais duras, concretas e enérgicas visando conter o crescimento da pandemia e, acima de tudo, garantir leitos hospitalares para as vítimas do Covid", acrescenta.
Ainda não há data prevista para que o toque de recolher seja encerrado. "Tudo vai depender da ocupação de UTI", informa.
Morando explica que, após as 22h, só poderão funcionar hospitais e farmácias. No caso das indústrias ou dos centros de telecomunicações que funcionam no município, o prefeito afirma que essas empresas poderão abrir, desde que os funcionários entrem depois das 22h e saiam após as 5h.
O prefeito disse ainda que irá se reunir nesta terça-feira (23) com representantes da Polícia Militar, Polícia Civil e GCM (Guarda Civil Municipal) para definir as estratégias de fiscalização. Ele adianta que serão feitos pontos de bloqueio nas entradas da cidade em avenidas de grande circulação para garantir que a medida seja respeitada.
A taxa de isolamento em São Bernardo do Campo no domingo (21) foi de 48%, segundo o governo do estado, gestão João Doria (PSDB).
Morando afirmou que, oficialmente, não foram registrados casos oficiais da variante de Manaus do coronavírus em São Bernardo, mais contagiosa. "Mas pela velocidade de aumento do número de infectados, a gente, infelizmente, imagina que ela possa estar aqui", comenta.
De acordo com os últimos números confirmados pela Secretaria de Saúde, o município apresentou alta de novos casos, comparando a semana do dia 22 de janeiro a 4 de fevereiro (14 dias), com incidência de 379,39 casos por 100.000 habitantes.
Entre os dias 5 e e 18 de fevereiro, a incidência foi de 391,83 casos por 100.000 habitantes. Se considerados os óbitos, houve registro de 491 mortes em decorrência da Covid-19 em apenas 96 dias, comparando os dados entre 17 de novembro e 21 de fevereiro.
Até as 18h desta segunda, 43.819 foram vacinadas contra a Covid-19 na cidade, sendo sendo 33.406 da primeira dose e 10.413 da segunda.
Festa clandestina
A GCM de São Bernardo interrompeu uma festa clandestina na noite do último domingo (21) no bairro Jardim Irajá. Cerca de 200 pessoas estavam no local aglomeradas, a maioria delas sem utilizar a máscara de proteção.
O estabelecimento vendia bebidas alcoólicas após as 22h, o que desrespeita a determinação do Plano São Paulo. Ao todo a GCM atendeu, entre sexta-feira (19) e domingo, a 16 casos de aglomerações.
Estado
O estado de São Paulo registrou o maior número de pacientes com Covid-19 internados em UTIs (unidades de Terapia Intensiva) desde o início da pandemia. Segundo o secretário-executivo do Centro de Contingência do Coronavírus, João Gabbardo, 6.410 pessoas estavam internadas em leitos intensivos nesta segunda-feira (22).
Por isso, o governo João Doria (PSDB) deverá anunciar medidas restritivas de circulação na próxima quarta-feira e que deverão vigorar a partir de sexta.
Mas antes mesmo das novas regras estadual, a Prefeitura de Campinas, gestão Dário Saadi (Republicanos), anunciou nesta segunda que cidade adotará as normas da fase vermelha do Plano São Paulo, das 21h as 5h, entre esta terça (23) e 1º de março.
Durante este horário, apenas serviços essenciais estão autorizados a funcionar, como farmácias e mercados. "Os restaurantes só poderão funcionar presencialmente até as 21h. Já os bares terão que encerrar as atividades até as 20h", diz a prefeitura, em nota. Igrejas também terão de fechar até as 21h.
No restante do dia, a cidade continua na fase amarela do Plano São Paulo, com funcionamento de comércio, mas com limite de capacidade de pessoas. A taxa de ocupação de leitos públicos de UTI para coronavírus estavam em 97,2% no sábado.
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