Descrição de chapéu Coronavírus trânsito

Mudanças de fases do Plano SP não alteram volume de carros nas ruas e de passageiros nos ônibus

Restrições anunciadas desde novembro de 2020 pelo governo estadual impactam pouco o trânsito, aponta boletins da CET

São Paulo

Os anúncios de restrições de atividades econômicas anunciados pelo governo estadual dentro do plano estadual de enfrentamento à pandemia pouco ou nada mudaram a quantidade de veículos em circulação na capital e o número de passageiros dentro dos ônibus. Em média, todos os dias circulam pela capital 6 milhões de veículos, e 1,9 milhão de pessoas nos cerca de 11.308 ônibus municipais.

Os dados foram tabulados a partir de uma análise feita em 68 boletins de trânsito extraídos do site da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) entre os dias 1º de dezembro de 2020 até esta sexta-feira (12). Eles trazem dados tais como a média de congestionamento registrada, a quantidade de frota circulante, número de passageiros transportados e ônibus. A análise levou em consideração os dias úteis das diferentes fases do Plano São Paulo, que prevê restrições variadas das atividades econômicas.

Trânsito movimentado na ligação norte-sul; mudanças de fases pouco mudam a quantidade de carros nas ruas e passageiros nos ônibus - Rivaldo Gomes/Folhapress

No dia 30 de novembro foi anunciada a fase verde na cidade de São Paulo, a segunda mais branda do plano, que prevê, entre outras coisas, abertura de estabelecimentos comerciais com até 60% de sua capacidade por até 12 horas, e funcionamento de bares e restaurantes com limitação no atendimento até as 22h. Essa fase perdurou até o dia 11 de janeiro de 2021, quando entrou em vigor a fase amarela na cidade de São Paulo, mais restritiva. Nesse período, os boletins da CET indicam que a média diária de carros circulando na capital em dias úteis foi de 5,6 milhões de veículos, e a média de congestionamento, perto de 75 km/dia. Cerca de 1,88 milhão de pessoas circularam por dia nos ônibus da capital, segundo os mesmos boletins.

A fase amarela perdurou até o dia 29 de janeiro, quando as restrições aumentaram e a capital entrou na fase laranja do Plano São Paulo, houve queda no índice de congestionamento para 59,3 km/dia (queda de 21%), porém, a quantidade de carros circulando aumentou e passou a 6,3 milhões/dia, numa evolução de 12,5%. Já o número de passageiros ficou praticamente estável em 1,98 milhões/dia.

A fase laranja, mais restritiva e iniciada no dia 1º de fevereiro, vigorou por poucos dias. Porém, registrou aumento do índice médio diário de congestionamento, subindo para 73,5 km (elevação de 24%), e a quantidade de veículos ficou estável em 6,3 milhões, bem como a de passageiros, de 1,96 milhão/dia.

Em uma nova reclassificação, mais branda, a amarela, entrou em vigor no dia 6 de fevereiro e perdurou até o dia 1º de março, quando a fase laranja foi retomada. Nesse período, os números se mantiveram estáveis: média diária de 74,3 km de congestionamento, 6,3 milhões de frota circulante e 1,98 milhão de passageiros nos ônibus.

O aumento acelerado no número de casos de Covid e a falta de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) levou a uma nova reclassificação. Dessa vez, todo o Estado de São Paulo entrou na fase vermelha, a mais restritiva. Os dados dos boletins da CET mostram redução significativa no congestionamento nesses primeiros dias de março, indo para 47,7 km/dia, mas com 5,8 milhões de veículos circulando. O número de passageiros nos ônibus caiu um pouco, chegando a 1,81 milhão ao dia.

Redução

Nesta quinta-feira (11), ao anunciar a chamada “fase emergencial”, que adota medidas mais duras para tentar coibir a escalada de transmissão do novo coronavírus, o governador João Doria (PSDB) anunciou que serão feitas blitze e será adotado um toque de recolher das 20h às 5h, onde as pessoas poderão ser abordadas e orientadas a permanecer em suas casas. A ideia é reduzir em 4 milhões o número de pessoas em circulação –a capital tem cerca de 12 milhões de habitantes.

A medida, que entrará em vigor na próxima segunda-feira (15), não interfere no funcionamento do transporte público.

Ivan Whately, diretor do departamento de mobilidade e logística do Instituto de Engenharia, classifica que assim como a saúde, o “trânsito também está doente”. “Percebemos sim uma redução no decorrer do ano passado, porém, se estabilizou desde novembro. A opção das pessoas ao usarem os carros se dá pelo fato de se sentirem inseguras. Quererem se proteger”, afirma.

Ele disse ser muito difícil reduzir a circulação de pessoas se não houver uma coordenação conjunta das entidades que regulam os transportes.

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