Voltaire de Souza: Nada de enrolação

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Voltaire de Souza

Justiça. Cadeia. Reparação.
Aconteceu nos Estados Unidos.
Policial é condenado por homicídio.
O joelho de Derek Chauvin deixou um negro sem respirar.
Mas a memória de George Floyd não morre.
No Brasil, o caso é diferente.
O capitão Morretes acompanhava as notícias.
—Primeira coisa.
Ele acendeu um cigarro.
—O que é que esse negro estava fazendo?
George Floyd saía de uma loja de conveniência.
—Ah. Tá bom. Conta outra.
O experimentado oficial dava sua versão.
—Joelho no pescoço nunca matou ninguém.
A revolta crescia no coração do policial.
—Logo vão impedir a gente de trabalhar.
Mesmo no Brasil?
—Exatamente. Os comunistas aprendem tudo nos Estados Unidos.
Ele ligou para o assessor Carlos Albano.
—Traz um preso aqui pra mim.
—Qualquer um?
—O mais negro que tiver.
O pescoço do assaltante Lilico foi pressionado sem pena.
—Está vendo? O cara não morre.
Dois tiros de pistola deram cabo do serviço.
—Eficiência, pessoal. Nada de enrolação.
Morretes olhou para a paisagem ao longe.
—Esses americanos só são bons em filme de cinema.
Na vida real, o Oscar é nosso e ninguém tira.

Mulher segura cartaz com a frase "Eu não posso respirar"
Mulher segura cartaz com a frase "Eu não posso respirar" - Pexels
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