Descrição de chapéu Páscoa Natal

Voltaire de Souza: Ovos da surpresa

Voltaire de Souza

Festas. Missas. Chocolates.
É tempo de Páscoa.
A pandemia torna tudo mais difícil.
Alfredo se lembrava da infância.
—A gente ia na procissão…
As cenas ficaram marcadas no cérebro do comerciante.
—O Cristo morto… dava um medo…
Mas as manhãs de domingo eram cheias de sol.
—Procurar ovinho no jardim.
A primarada.
—Não me esqueço da Suelen…
Alfredo sorriu com nostalgia.
—Gostava de procurar ovinho.
Atrás do varal de roupa, Alfredo e Suelen descobriam os segredos da vida.
As memórias de Alfredo eram nítidas.
—Uma vez, ela achou um ovo de dois quilos...
Surpresa reservada às crianças mais espertas da família.
—Escondeu debaixo da blusa… e disse que estava grávida.
Pecado e inocência se misturam na alma infantil.
—Agora… nada de festa. Nada de reunião.
Alfredo adormeceu vendo TV.
O sonho o transportou aos jardins encantados da infância.
Suelen trazia um ovo dentro da barriga. Alfredo estranhou.
—Mas é vermelho… cheio de chifrinho…
—É o seu Ovid de Páscoa, primo.
Alfredo já não sente o gosto dos chocolates.
A Páscoa é renovação.
Mas o passado, por vezes, não volta do mesmo jeito.

Festas. Missas. Chocolates: é tempo de Páscoa.
Festas. Missas. Chocolates: é tempo de Páscoa. - Pexels
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