As queixas relacionadas à pandemia de Covid-19 dispararam no ranking da Ouvidoria da Prefeitura de São Paulo em abril deste ano. Foram 1.023 registros, o equivalente a 18,55% do total de queixas recebidas pelo órgão no mês passado. Em relação a março, quando foram registradas 378 reclamações, o aumento é de 170%.

O total de registros denunciando pancadões, festas irregulares, entre outros, supera em duas vezes e meia as reclamações mais tradicionais relacionadas a buracos nas ruas, que figurou no segundo lugar da lista da Ouvidoria em abril, com 288 queixas. Em terceiro lugar aparecem as árvores (entre eles, pedidos como poda ou retirada), com 283 registros.

Ainda segundo os dados da Ouvidoria, questões relacionadas à pandemia –que ainda envolvem denúncias contra estabelecimentos que se mantiveram abertos irregularmente ou que não forneceram álcool em gel e/ou permitiram a entrada pessoas sem máscara– lideram o ranking dos últimos três meses. Entre fevereiro e abril foram 1.685, quase o dobro da segunda colocada, a iluminação pública, com 869 registros.

Segundo a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB), todas as denúncias relacionadas à pandemia são encaminhadas para o Comitê de Blitze. Criado no dia 12 de março, em parceria com a Prefeitura de São Paulo, essa força-tarefa é composta por agentes da Guarda Civil Metropolitana, pelas Vigilâncias Sanitárias municipal e estadual, Procon-SP, além das polícias Civil e Militar.

Buraco

Apesar de não figurar mais no topo da lista das reclamações, muitos paulistanos ainda enfrentam problemas devido às más condições de muitas vias públicas.

O encarregado de limpeza Marcelo Alves da Silva, 45, mora há cerca de 15 anos na rua Nova Bahia, no Jaguaré (zona oeste da capital), e afirma que as vias “sempre foram esburacadas e sem asfalto”.

Por causa disso, diz, veículos trafegam com dificuldade no local e, em dias de chuva, as vias “viram um lamaçal”, impedindo a circulação por elas. “Se tiver alguma emergência, não dá para ambulância vir ajudar”, disse.

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Silva afirmou que, há cerca de dois anos, tentou ajudar um vizinho que estava enfartando. Por causa das dificuldades para trafegar com seu carro pela via, ele demorou para chegar ao hospital da região, onde o vizinho chegou morto.

Já em dias sem chuva, quando as ruas estão secas, o problema é a poeira que se levanta, sujando tudo o que encosta, além de prejudicar a qualidade do ar, disse ainda Silva. Ele também reclama da iluminação da via, que apesar de existente, “é fraca”, impedindo que as pessoas enxerguem de noite. “Meu pai, já é falecido, mas ele caiu e se machucou uma vez por causa da luz fraca da rua”.

Resposta

Em nota, a Prefeitura de São Paulo afirma que as vias citadas pela reportagem estão em área particular, alvo de ação na Justiça pelo proprietário.

Em relação à iluminação, a prefeitura diz que o Ilume (Coordenadoria de Gestão da Rede Municipal de Iluminação Pública) está tocando uma PPP (Parceria Público-Privada) que visa ampliar e modernizar com LED todo o parque de iluminação pública. Essa tecnologia, segundo a prefeitura, ilumina melhor, consome menos energia e possui vida útil maior.

Até abril deste ano já foram substituídos 322.157 pontos de iluminação por LED em toda a cidade, o que representa um pouco mais da metade da iluminação pública mantida pela prefeitura.

A prefeitura não comentou as denúncias relativas às reclamações relacionadas à pandemia.

Em balanço divulgado nesta segunda-feira, o governo estadual informou que, só no último final de semana, a PM atuou em 18 ações de apoio à Vigilância Sanitária, realizando 2.679 dispersões, sendo 966 pontos de aglomeração só na cidade de São Paulo. Ao todo, 37 mil veículos foram vistoriados, e 58 pessoas foram presas, sendo 45 delas procuradas pela Justiça.

Queixas na Ouvidoria

Fonte: Prefeitura de São Paulo