Desinformação, vandalismo e protestos ocorrem nas primeiras horas de funcionamento do terminal Grajaú da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), na zona sul da capital paulista, em decorrência da greve dos trabalhadores ferroviários, que afetou quatro linhas de trem, na manhã desta quinta-feira (15).
A paralisação ocorre nas linhas 7-rubi (trens circulando apenas entre Palmeiras-Barra Funda e Caieiras), 8-diamante (trens circulando apenas entre Palmeiras-Barra Funda e Barueri), 9-esmeralda (paralisada) e 10-turquesa (Paralisada). As demais linhas funcionam normalmente.
Desde a 0h funcionários da companhia cruzaram os braços, em protesto contra o não reajuste dos salários. Cerca de 3 milhões de passageiros são afetados pela greve.
Dez viaturas da Polícia Militar estão na saída do terminal rodoviário, anexo à estação do trem, para conter uma multidão de aproximadamente 200 pessoas. Elas obstruem a avenida Belmira Marin, em protesto contra a greve.
O capitão Kleber Oliveira, comandante da Polícia Militar, afirmou que a polícia foi ao local para garantir a integridade dos trabalhadores. “Sabemos que quem está aqui não é vândalo, que quer trabalhar. Mas precisam desobstruir a via. Precisamos pensar que ambulâncias e emergências precisam usam a via", disse.
A reportagem testemunhou o momento em que passageiros arrombaram portões de acesso às catracas da estação da CPTM com chutes e empurrões, sendo contidos em seguida por seguranças. Ao menos duas câmeras de monitoramento foram destruídas e dois portões derrubados.
"Preciso ir para Osasco, mas não vou conseguir. Vou perder meu dia de trabalho. A CPTM deveria ter avisado com antecedência que teria a greve, pois a maioria das pessoas que está aqui nem viria perder deu tempo", afirmou o ajudante de obras Júlio César Santos, 36.
O eletricista Ailan Conceição dos Santos, 27, usa a estação da zona sul diariamente de segunda a sexta. Nesta quinta, porém, afirmou que não conseguirá chegar ao trabalho, em Pinheiros. “Vou voltar pra casa. Não tem como ir trabalhar desse jeito, nem de ônibus”.
No terminal rodoviário, a recepcionista Marina de Carvalho, 23, aguardava para embarcar em um coletivo, para tentar chegar na região da Oscar Freire. “Já avisei que vou atrasar para minha chefe.”
Por meio de uma nota conjunta, os sindicatos que representam a categoria informaram que a companhia não aceitou uma proposta feita pelo TRT (Tribunal Regional do Trabalho) em uma audiência de conciliação realizada na quarta (14) para que os salários dos trabalhadores fossem reajustados em 6,22%.
A CPTM lamentou a decisão dos sindicatos de fazer greve. "A companhia tem uma decisão da Justiça do Trabalho que determina a manutenção de 80% dos trabalhadores no horário de pico e 60% nos demais horários, sob pena de multa diária de R$ 100 mil", informou, em nota.
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