A ampliação do funcionamento do comércio até as 23h e também da capacidade de atendimento em até 60% são as medidas mais brandas já adotadas pelo governo estadual desde que criou o Plano São Paulo, há mais de um ano, em 28 de maio de 2020.
Elas são menos restritivas até do que preconiza a fase verde do Plano São Paulo, criado por intermédio de um decreto do governador João Doria (PSDB), em 28 de maio de 2020.
A fase verde também estabelece um limite máximo de 60% de ocupação, entretanto, prevê funcionamento consecutivo de 12 horas seguidas. Foi isso que ocorreu a partir do dia 9 de outubro de 2020, quando seis regiões do estado — Grande São Paulo; Baixada Santista; Taubaté; Campinas; Piracicaba e Sorocaba— passaram pela primeira vez para a fase mais branda.
À época, a taxa de ocupação das UTIs Covid estava em 40,8% na Grande São Paulo e 41,3% no estado. Ao todo, 7.538 pessoas estavam internadas, sendo 4.218 em leitos de enfermaria e 3.320 em unidades de terapia intensiva.
Pelo anúncio do governo estadual desta quarta-feira, o comércio poderá abrir as portas durante 17 horas consecutivas, e recebendo um limite de até a 60% de clientes.
Atualmente a taxa de leitos de UTI Covid no estado é de 70,2%, e na Grande São Paulo, de 64,6%. São 17.472 pacientes internados no estado, sendo 8.759 em unidades de Terapia Intensiva e 8.713 em enfermaria. O número total de pessoas internadas é 171% superior em relação a 9 de outubro, quando a fase verde foi decretada.
Segundo o infectologista Marcos Boulos, professor da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) e integrante do Centro de Contingência do Coronavírus do governo de São Paulo, que assessora a gestão João Doria (PSDB) nos cuidados com a pandemia do coronavírus, não é um bom momento para ampliar o horário, sobretudo após a Prefeitura de São Paulo ter anunciado que vê indícios de transmissão comunitária pela variante delta do novo coronavírus na cidade de São Paulo. “É temerário e preocupante”, afirmou.
Boulos diz ser contrário a flexibilização enquanto não existir uma segurança da estabilidade na regressão dos índices de infecção, hospitalização e óbitos, opinião que, segundo ele, é partilhada por outros especialistas integrantes do grupo. “Porém, somos apenas consultores e nem sempre nossa opinião prevalece”, disse.
Presente na coletiva de imprensa em que foram anunciadas as medidas que o governo estadual vem promovendo no combate à pandemia, o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, confirmou que a variante delta já é autóctone, ou seja, já está circulando.
“Ela [variante delta] já está circulando no nosso meio em pessoas que não tiveram o histórico de viagens ou que tiveram contato com alguém que esteve, por exemplo, na Índia. E, dessa forma, nós temos que ter uma tensão especial”, afirmou Gorinchteyn.
O secretário afirmou que existe a possibilidade até de antecipar a segunda dose da vacina contra a Covid, e que o tema será debatido na reunião semanal do Plano Estadual de Imunização, prevista para esta quinta-feira.
Resposta
Para Santiago Falcão, coordenador do Gabinete de Crise do Governo de São Paulo, as regras que entram em vigor a partir desta sexta-feira (9) não são as menos restritivas do Plano São Paulo.
Entre as justificativas, ele diz que atualmente o estado conta com toque de recolher, fiscalização muito mais intensa e, em relação a outubro de 2020, hoje há distinção entre bares e restaurantes, o que não existia no ano passado.
Além disso, cita o avanço na vacinação. “É um cenário mais protegido”, afirma.
Apesar dos números absolutos de pessoas internadas ser muito superior ao de outubro de 2020, quando a fase verde foi estabelecida, ele afirma que as taxas de ocupação tradicionalmente encontradas em serviços públicos fica na casa de 75%. “Estar abaixo disso é gordura”, disse.
Em relação ao tempo de funcionamento maior, ele diz que isso garante uma melhor intersecção de pessoas.
A respeito das declarações do infectologista Marcos Boulos, Falcão afirma respeitar a opinião, entretanto, diz que o médico é parte de um grupo maior, composto por 21 integrantes. “O estado de São Paulo segue as recomendações do centro de contingência”, afirmou.
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