Dados divulgados pelo Detran de São Paulo, com base na plataforma Infosiga, apontam para um aumento da ordem de 13,5% do número de óbitos de motociclistas no estado de São Paulo. A comparação foi feita entre os meses de abril de 2020 (primeiro mês completo no período da crise sanitária), quando foram registradas 133 mortes, e junho deste ano (último mês com dados completos), com 151 vidas perdidas.
O número de ocorrências de trânsito envolvendo motociclistas também aumentou 45,5% se comparando os meses de abril (4.877) do ano passado com junho (7.097) de 2021. Nessa categoria estão inseridos os motofretistas que trabalham com aplicativos e entregas de delivery.
No geral, em todos os modais, ainda segundo os dados do Infosiga, o número de óbitos envolvendo motociclistas, pedestres, ciclistas e ocupantes de automóveis apresentou uma queda da ordem de 8,6%. No primeiro semestre de 2019 foram registradas 2557 mortes, no ano seguinte o número caiu para 2236. Nos seis primeiros meses deste ano, porém, oscilou para 2335 pessoas que perderam a vida no trânsito.
Segundo o engenheiro especialista em trânsito Sergio Ejzenberg os dados são assustadores e representam a evolução da atividade econômica no trânsito, sobretudo em tempos de crise sanitária. “A atividade econômica de compra mudou, com mais entregadores de motocicletas nas ruas. Com isso há mais acidentes”, disse.
Ejzenberg pontua ainda que quando alguém trabalha 12 horas por dia nos sete dias por semana em um sistema de pressão por resultado escancara o que essas pessoas passam nas ruas de São Paulo.
“As pessoas se escravizam atrás do guidão da moto para poder sobreviver, muitas vezes de um dia para o outro, com a concorrência de pessoas na mesma função, com a baixa remuneração aliadas ao cansaço e ao estresse vai redundar em acidentes”, pontua o especialista.
A questão da velocidade de tráfego é outro fator que favorece os acidentes, avalia Ejzenberg. “Para aumentar a produtividade, os motociclistas precisam aumentar a velocidade nas vias. E quando se trafega entre as faixas de rolamento, os laços detectores de velocidade não pegam essa motocicleta”.
Para Gilberto Almeida, presidente do Sindimoto, a discussão sobre o número de mortes entre a categoria é feita todo o ano por governos. “O poder público é o responsável pelas vias e pela regulamentação dessas plataformas e pelas estatísticas. E em 27 de julho é o Dia do Motociclista. O que temos para comemorar? Mais mortes dos companheiros que estão no dia a dia e não pararam durante a pandemia para auxiliar a sociedade”, disse.
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