Choque. Escândalo. Ignorância.
A homofobia não descansa em algumas emissoras de TV.
Um famoso apresentador exagerou na dose.
O rapaz tinha histórico de discriminação.
—Abaixo a bicharada.
E outras opiniões polêmicas.
—Viva a cloroquina.
Resumindo.
—Vacina é coisa de gay.
Resumindo mais ainda.
—Bolsonaro acima de tudo.
Na direção da emissora, o clima era tranquilo.
—Afinal, a gente concorda com ele.
—Bom, não totalmente.
—Uns noventa por cento
Foi quando apareceu o Silveirinha.
Departamento comercial.
—Cara, vocês não vão acreditar.
—O que é que tem?
—Os anunciantes.
Empresas de varejo. Lojas. Magazines.
—Estão tirando os comerciais do programa dele.
—Chama ele para uma reunião.
O apresentador se chamava Meira.
—Que é que tem?
Silveirinha deu o ultimato.
—Ou você pede demissão…
—Ou o quê?
—Você faz uma mudança radical.
O kit já estava pronto.
—Maquiagem. Prótese peitoral. Vestidinho.
Meira ficou em silêncio.
—Você vira a Meiry. E vai para o programa feminino.
—Vou ter de fazer operação?
—Não. Mas pode continuar defendendo a cloroquina.
As aparências mudam.
Mas o DNA permanece.