Arte. Perícia. Habilidade.
O skate brasileiro chega aos pódios olímpicos.
A jovem Rayssa faz proezas em Tóquio.
Deonilson sorria com tristeza.
—No meu tempo, skate era proibido.
Ele acendeu um baseado.
—Diziam que era esporte de maconheiro.
O rapaz balançou a cabeça.
—E daí? Maconheiro também tem direito a medalha.
Era grande o seu sentimento de injustiça.
—Eu podia ter arranjado patrocínio.
Os sonhos se formavam na mente do entregador.
—E ir para as Olimpíadas também.
Aos quarenta anos, tudo já era mais difícil.
—Fico em cima da moto o dia inteiro.
Justamente.
Era o momento de trabalhar.
Alto movimento na Pizzaria Vulcão Vesúvio.
O senso de aventura tomou conta de Deonilson.
—Fazer umas acrobacias aqui na moto.
Ele trançava com arte entre os caminhões da avenida Pompeia.
Não viu o Corsa que avançava no cruzamento.
O acidente foi leve.
Deonilson sentiu o impacto do asfalto.
—Lisinho, cara… um barato.
Quatro margueritas rolaram pela calçada.
—Haha… quatro medalhas… de prata, mano. De prata.
A demissão veio no mesmo dia.
Sonhos, por vezes, voam alto.
Mas terminam no calçamento.
Voltaire de Souza
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