Frank Capra nasceu na Itália em 1897, precisamente na Sicília, foi para os EUA aos seis anos, se naturalizou e, como poucos diretores de cinema, traduziu nas telas o sonho americano.
Um dos principais realizadores da era dourada de Hollywood, Capra se notabilizou por filmes em que os personagens, homens comuns, bons e de caráter, lutam contra grandes poderes econômicos e políticos para manter suas convicções.
Também ficou conhecido pelo otimismo de seus filmes, por suas posições conservadoras, pelos elogios ao ‘self made man’ americano, o homem que se faz sozinho, pela defesa da família, pelo patriotismo e pelos temas moralistas.
Entre 1926, data de ‘O Homem Forte’, seu primeiro longa, e 1961, quando lançou ‘Dama por um Dia’, seu último filme, Capra deixou uma obra com mais de 40 títulos, ainda referência no cinema norte-americano.
Morreu há 30 anos, em 3 de setembro de 1991, três décadas após se aposentar, com três Oscar de melhor diretor em sua prateleira. A seguir, veja alguns de seus principais filmes (preços e disponibilidade nos serviços de streaming pesquisados em 26 de agosto).
A FELICIDADE NÃO SE COMPRA (1946)
Considerada a obra-prima de Capra, ‘A Felicidade Não se Compra’ é o primeiro filme do diretor após a Segunda Guerra Mundial. James Stewart como George Bayle é o herói capriano. Ele é o homem de família, zeloso com sua comunidade, que dirige a empresa familiar de forma honesta, sem ceder às pressões do grande poder econômico local. Mas Bayle não consegue enxergar isso. Em uma noite de Natal, tomado pelo desespero diante do risco de falência de sua empresa, pensa em se suicidar. Um anjo enviado por Deus vai mostrar a Bayle como seria a vida das pessoas que o cercam se ele não existisse, fazendo-o perceber o sentido de sua vida. Além de ser um dos maiores sucessos de Capra, o longa está sempre presente nas listas dos melhores filmes natalinos da história.
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DO MUNDO NADA SE LEVA (1939)
Neste filme, Capra contrapõe o poder econômico, representado por um banqueiro e sua família, à liberdade de se fazer o que quer, mesmo sem grandes recompensas financeiras, como a vida que leva a um tanto excêntrica família Sycamore. Os dois mundos se encontram quando o filho do banqueiro, Tony (James Stewart), se apaixona por Alice (Jean Arthur), uma Sycamore. Os pais de Tony são contra o relacionamento, em um choque entre duas realidades e modos de vida diferentes.
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A MULHER FAZ O HOMEM (1938)
Neste filme, James Stewart encarna novamente o herói capriano. Ele é Jefferson Smith, um jovem ingênuo escolhido por políticos e empresários corruptos para ocupar uma cadeira no Senado. Estes achavam que manobrariam Jefferson facilmente, mas ele é um fervoroso defensor dos ideais norte-americanos. Ao se contrapor aos interesses do grupo, é acusado de corrupção. Recebe, então, a ajuda da assessora Saunders (Jean Arthur), a “mulher” do título brasileiro (o original é ‘Mr. Smith Goes to Washington’, ou ‘Senhor Smith vai a Washington’), que o orienta no embate final em plenário.
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O HOMEM FORTE (1926)
Primeiro filme de Capra, ainda na era do cinema mudo, tem o ator e comediante Harry Langdon como protagonista. O diretor já havia realizado o roteiro de outros filmes com Langdon. Criaram um personagem atrapalhado, envolvido em situações que fugiam ao seu controle, às vezes perigosas, mas que conseguia se sair bem no final das contas. Em ‘O Homem Forte’, Langdon é um soldado belga que se corresponde com uma americana durante a Primeira Guerra Mundial. Ao final do conflito, ele vai para os EUA em busca da amada. Décadas depois, Capra repetiu em ‘Os Viúvos Também Sonham’ (1959) uma das cenas do filme: a que Langdon carrega uma mulher desmaiada em uma escadaria.
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SÉRIE 'WHY WE FIGHT'
Capra serviu ao Exército durante a Segunda Guerra, tornando-se major. Uma de suas tarefas foi realizar a série ‘Why We Fight’ (‘Por que Lutamos’, em tradução livre), sete documentários encomendados pelo governo norte-americano como propaganda de guerra. Nos filmes, ele usou imagens captadas pelas tropas, de cinejornais, de Hollywood e de obras estrangeiras, para inicialmente falar aos soldados e, depois, ao público norte-americano. O primeiro longa da série é ‘Prelúdio de Uma Guerra’ (1942). Os filmes têm narração carregada de patriotismo e contam a história dos vencedores. Isso fica claro no longa dedicado à luta final com o Japão, quando se diz que a estimativa era de 500 mil vidas norte-americanas perdidas se as batalhas se estendessem, o que “se evitou” com as bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, onde os mortos, mais de 200 mil, foram os civis japoneses.
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OS VIÚVOS TAMBÉM SONHAM (1959)
Penúltimo filme de Capra, que se aposentou após ‘Dama por Um Dia’ (1961), ‘Os Viúvos Também Sonham’ tem Frank Sinatra como astro principal e é o primeiro longa em cores do diretor. Mas tudo isso não garante que mágica das obras anteriores de Capra aconteça novamente. No longa, Sinatra é o viúvo Tony, dono de um hotel em Miami, onde cria o filho e leva uma vida boêmia. Ele está endividado e corre o risco de perder o hotel. Para ajudá-lo, seu irmão mais velho, um rico comerciante de Nova York, exige que Tony se case.
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