Saiba onde ver filmes do ator Bela Lugosi, o eterno Drácula

Ele personificou o vampiro no cinema e tornou-se sinônimo de filme de terror

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O ator Bela Lugosi em cena do filme "Drácula" (1931) - Divulgação

O ator Bela Lugosi ficou marcado no cinema como a personificação do temido Conde Drácula. Mas a história do húngaro que imigrou para os EUA não se resume ao personagem vampiro. Sua trajetória foi marcada pela Primeira Guerra Mundial, pelos palcos, por sua atuação política e pela dependência química.

Ele nasceu em 20 de outubro de 1882, em Lugos, no então Império Austro-Húngaro. Recebeu o nome de Béla Ferenc Dzsö Blaskó. Filho de um banqueiro, era o mais novo de cinco irmãos. Seus pais não aprovavam sua inclinação para as artes e, aos 12 anos, deixou a família. Trabalhou em minas antes de, ainda adolescente, estrear nos palcos em 1901.

Em 1917, participou de seu primeiro filme com o nome de Arisztid Olt. Depois, adotou o sobrenome Lugosi, em homenagem à cidade em que nasceu. Sua carreira no teatro austro-húngaro foi sólida e incluiu montagens de clássicos shakespearianos como “Hamlet”, “Rei Lear” e “Macbeth”.

Quando a Primeira Guerra Mundial chegou, alistou-se na infantaria e foi ferido três vezes. Ao final do conflito, foi para a Alemanha, em razão de sua atividade política. Ele havia organizado o sindicato de atores e era de oposição ao governo que havia assumido o país natal.

Em 1920, Lugosi chegou aos Estados Unidos e, sete anos depois, alcançou a fama ao interpretar Drácula em uma montagem na Broadway.

O palco o levou ao seu filme mais conhecido, “O Conde Drácula”, de 1931. Sua interpretação foi hipnotizante. A voz marcante, com um leve sotaque (alguns dizem que ele não falava inglês, o que historiadores contestam), e os olhos ressaltados em closes conquistaram o público.

O sucesso como Drácula o levou aos filmes de terror. Curiosamente, só interpretou o vampiro em mais um filme, “A Filha de Drácula” (1936). Fez longas sobre zumbis, lobisomens, assassinos e também várias obras com Boris Karloff, outro astro do terror.

Ressentia-se de não ser chamado para outros tipos de personagens. Uma das únicas participações fora do gênero foi em “Ninotchka” (1939), com Greta Garbo.

Continuou com as atividades políticas, sendo um dos fundadores do Screen Actors Guild, o sindicato dos atores. Era o integrante número 28. Sua manutenção no estrelato, no entanto, teve como obstáculo a dependência química de morfina, reflexo dos ferimentos na Primeira Guerra.

Acabou migrando para os filmes B, muitas vezes interpretando paródias de si mesmo. Ao final da vida, sem dinheiro, trabalhou com Ed Wood, o pior diretor da história. Morreu há 65 anos, em agosto de 1956, aos 73 anos, de ataque cardíaco. Foi enterrado com uma das capas de Drácula.

ONDE VER
(preços e disponibilidade nos serviços de streaming pesquisados em 29 de julho)

​DRÁCULA (1931)
Looke, Old Flix, Oi Play: grátis para assinantes; NetMovies: grátis

ZUMBI, A LEGIÃO DOS MORTOS (1932)
Claro Vídeo: grátis para assinantes

NINOTCHKA (1939)
Belas Artes à La Carte: grátis para assinantes; Apple TV: R$ 7,90 (aluguel) e R$ 19,90 (compra)

OS MORCEGOS DIABÓLICOS (1940)
Looke: grátis para assinantes

O LOBISOMEM (1941)
Looke: grátis para assinantes

O FILHO DE FRANKENSTEIN (1951)
Oi Play: grátis para assinantes

GLEN OU GLENDA (1953)
Looke: grátis para assinantes; NetMovies: grátis

A NOIVA DO MONSTRO (1955)
Looke: grátis para assinantes

PLANO NOVE DO ESPAÇO SIDERAL (1962)
Mubi: grátis para assinante

Cena do filme "O Filho de Frankenstein"
Bela Lugosi (à esq.), Boris Karloff e Basil Rathbone em "O Filho de Frankenstein" (1939) - Divulgação

Com Karloff, fez dupla do terror em oito filmes

A suposta inimizade entre Bela Lugosi e Boris Karloff foi alimentada durante anos em Hollywood. Mas os dois astros do terror nunca foram inimigos. Diziam que a rivalidade existia apenas quando os dois estavam disputando um mesmo personagem.

Não chegaram a ser amigos, mas tinham uma relação cordial nos sets de filmagem. Estrelaram juntos oito longas, de “O Gato Preto” (1934) a “A Torre dos Monstros” (1956). O personagem mais célebre de Karloff, Frankenstein, havia sido oferecido a Lugosi. O ator, no entanto, recusou a participação no filme de 1931 porque não havia falas e teria de usar muita maquiagem.

Outra parceira de Lugosi foi com o ator Lon Chaney Jr., filho do astro do cinema mudo Lon Chaney, que havia interpretado o Fantasma da Ópera no cinema. Os dois fizeram juntos cinco filmes. Um dos mais famosos é “O Lobisomem” (1941), em que Chaney Jr. interpretava o personagem título. Lugosi é um cigano que tem uma participação chave na trama.

Cena do filme "A Noiva do Monstro", de 1955
Lugosi em cena do filme "A Noiva do Monstro", dirigido por Ed Wood - Divulgação

Últimos filmes foram dirigidos pelo pior cineasta da história

Em seus últimos anos de carreira, Bela Lugosi trabalhou com o diretor Ed Wood, conhecido pelo título de pior cineasta da história.

O ator está em três filmes de Wood, embora no último só apareça em sequências sem falas. Ele morreu antes de o longa ser feito, e Wood resolveu aproveitar cenas filmadas aleatoriamente. Para isso, escreveu um roteiro em que encaixou as sequências.

O filme é “Plano Nove do Espaço Sideral” (1962). Lugosi aparece como Drácula em um cemitério e em uma sequência em que sai de uma casa e pega uma flor. Wood encaixou os dois momentos em seu longa mais famoso.

No restante do filme, o diretor usou como dublê de Lugosi o quiroprático de sua mulher. Para desempenhar o papel, o substituto cobria o rosto com uma capa. Os outros filmes feitos com Wood são “Glen ou Glenda” (1953) e “A Noiva do Monstro”(1955). A relação de ambos é abordada no filme “Ed Wood”, de Tim Burton.

Hanuska Bertoia
Hanuska Bertoia

49 anos, é formada e pós-graduada em jornalismo. Gosta de ver filmes em qualquer plataforma (TV, celular, tablet), mas não dispensa uma sala de cinema tradicional.

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