Fé. Radicalismo. Exaltação.
Algumas pessoas só veem uma solução para o país.
—Ditadura já.
O cantor sertanejo Valdemir Carinana não tinha dúvidas.
—Quebra tudo, meu povo.
Ele não escondia suas convicções.
—Bolsonarista raiz.
A tarde pintava de rosa a seca do cerrado.
—Belezura dessa minha terra.
Veio a decisão.
—O Brasil precisa de mim.
Manifestações. Carreatas. Quebradeiras.
—Tenho de ajudar no 7 de Setembro.
A ideia é obter apoio para o presidente.
—Vou encher a Paulista.
Antes de uma batalha, é bom reconhecer o terreno.
O jatinho de Valdemir depositou-o no centro de São Paulo.
—Fumaceira… poluição…
A cidade grande é sempre um choque para o homem do campo.
—Deixa eu ir para mais longe… onde mora a gente humilde.
Zona leste.
Uma multidão se aglomerava na estação Guaianases.
—Maravilha. Já é o pessoal da passeata?
Era uma greve no metrô.
Valdemir acenava com o chapelão.
—Por que ninguém pede autógrafo para mim?
O empurra-empurra era grande.
—Sai da frente, ô babaca.
Dizem que os cães ladram e a caravana passa.
Mas com greve de metrô, não acontece nem uma coisa nem outra.
Voltaire de Souza
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