Descrição de chapéu Coronavírus

Governo Doria e Ministério da Saúde trocam acusações sobre falta de AstraZeneca

Capital paulista ficou sem a vacina contra Covid para segunda dose na maioria dos postos nesta quinta

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São Paulo

O governo João Doria (PSDB) e o Ministério da Saúde trocam acusações sobre a falta da vacina AstraZeneca no estado de São Paulo. A capital paulista, por exemplo, ficou perto de interromper a aplicação da segunda dose do imunizante nesta quinta-feira (9).

Segundo a Secretaria Estadual da Saúde, o governo federal deixou de enviar cerca de 1 milhão de doses da vacina para São Paulo e esse é o motivo que fez com os municípios paulistas ficassem impossibilitados de aplicar a segunda dose da AstraZeneca. A gestão Doria chamou a falta de vacinas de "apagão".

“O prazo de aplicação destas doses começou a vencer no dia 4 de setembro. Também precisaremos receber pelo menos mais 1,4 milhão de doses até o dia 20 setembro para concluir os esquemas vacinais deste mês”, afirmou a secretaria, em nota.

Preparação de vacina contra a Covid-19 unidade básica de saúde da zona sul da cidade de São Paulo - Rivaldo Gomes - 16.jun.21/Folhapress

O órgão estadual disse que cobrou o envio de novas doses na última semana e que um novo ofício foi enviado ao governo federal nesta quinta-feira (9).

"Em eventual indisponibilidade de mais remessas da AstraZeneca, o estado aguarda envio imediato de doses da Pfizer para suprir esta demanda e concluir os esquemas em conformidade com a solução de intercambialidade indicada pelo próprio PNI [Plano Nacional de Imunização] do Ministério da Saúde", diz o governo Doria.

Já o Ministério da Saúde afirmou que adiantou o envio de doses da AstraZeneca para São Paulo. “Antecipamos o envio de 315,5 mil doses da vacina previstas para serem entregues até 30 de setembro para a aplicação da segunda dose no estado, em 31 de agosto”, disse o ministério em nota.

A Secretaria Municipal da Saúde disse que espera envio de doses da AstraZeneca pelo Ministério da Saúde. Questionada sobre a quantidade de vacinas desta marca em estoque, a gestão Ricardo Nunes (MDB) não respondeu até a conclusão desta reportagem,

A pasta do governo federal também disse que "não garantirá doses para estados e municípios que adotarem esquemas vacinais diferentes do que foi definido por representantes da União, estados e municípios no PNO [Plano Nacional de Operacionalização] da vacinação contra a Covid-19".

O governo estadual antecipou a aplicação da terceira dose para idosos, iniciada na última segunda-feira (6) enquanto o calendário do ministério prevê que ela deve começar a ser aplicada só a partir do dia 15.

A capital paulista é uma das cidades que seguiu as datas do governo Doria, mas tem usado também vacinas da Coronavac para terceira dose. O imunizante produzido no instituto Butantan não é recomendado pelo ministério para o reforço em idosos.

Essa não é a primeira vez que os governos Doria e Jair Bolsonaro (sem partido) criam polêmicas sobre a distribuição de doses. No início do mês passado, o tucano ameaçou ir à Justiça para cobrar o envio de 228 mil doses da Pfizer para vacinar adolescentes. Na semana passada, o ministério disse que o governo paulista estava representando Coronavac.

Procurada pela reportagem para dizer como está o ritmo de produção da vacina da AstraZeneca, a Fiocruz, que fabrica o imunizante no Brasil, disse que um novo lote de 15 milhões de doses deve ser entregue ao Ministério da Saúde a partir do dia 13 de setembro. Ele está sendo produzido com IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo) recebido nos dias 25 e 30 de agosto e 3 de setembro", afirmou.

Falta de vacina em São Paulo

Segundo levantamento feito pelo Agora junto ao site “De Olho na Fila”, serviço desenvolvido pela Prefeitura de São Paulo para mostrar a situação dos postos e se há vacina para segunda dose, por volta das 12h desta quinta, 82,5% dos pontos de vacinação da cidade não tinham AstraZeneca.

O centro da cidade e a zona oeste apresentaram o pior cenário. O imunizante não constava no estoque de nenhum dos 43 pontos de vacinação.

Já na zona norte, apenas 2 dos 91 pontos possuíam a dose da AstraZeneca para ser aplicada. Na zona sul, ainda era possível tomar a segunda dose da vacina em 21 UBSs (Unidades Básicas de Saúde).

A região com o maior número de pontos com estoque de AstraZeneca era a zona leste, com 68 postos ainda contendo o imunizante.

No fim da tarde, porém, era praticamente impossível encontrar um posto de vacinação com AstraZeneca. E muitos também já não tinham mais Pfizer para segunda dose —esse imunizante também está sendo usado para vacinação de adolescentes, pois é o único com autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para aplicação em menores de idade.

Atualmente, a cidade de São Paulo vacina com primeira dose jovens a partir de 12 anos e aplica a terceira dose em idosos a partir de 90 anos.

Os postos também estão vacinando pessoas de 54 a 57 anos com a segunda dose de AstraZeneca e Pfizer para quem recebeu a primeira dose em meados de junho.

E as UBSs (Unidades Básicas de Saúde) estão cadastrando pessoas interessadas em reduzir o prazo entre as doses com xepa de vacina. No caso da AstraZeneca e Pfizer, que estão com estoques baixos nos postos, o período entre as vacinações caem de três meses para 30 dias para quem for chamado.

As doses da xepa são aquelas que sobram em frascos abertos, mas não são aplicadas no público-alvo da campanha em horário próximo ao fechamento dos postos de saúde.

Após de abertos os frascos, as doses vencem depois de seis (no caso da AstraZeneca/Oxford e da Pfizer) e oito horas (a Coronavac, da Sinovac/Butantan).

Para ter direito às doses é preciso se inscrever no posto de saúde mais perto de casa ou do trabalho, para conseguir chegar rapidamente quando um atendente ligar informando sobre a sobra.

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