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Ladrões roubam pedaços de bancas e até tampa de bueiro no centro de SP

Partes inteiras de estruturas estão sendo levadas

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São Paulo

Ruas do miolo da região central da cidade de São Paulo estão sendo alvo da ação de ladrões de peças de metais como partes inteiras de bancas de jornais, ornamentos metálicos de jardins e tampas de esgoto.

Na última terça-feira (31), o item levado foi um corrimão metálico de uma das saídas da estação de metrô do Anhangabaú da linha 3-vermelha. O problema também atinge até concessionárias de serviços públicos e a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), que viu aumentar em 13% os casos de furtos e vandalismos a semáforos no primeiro semestre deste ano.

Henrique Wagner, 42, dono da banca que vende livros usados Macunaíma afirma que local está sendo alvo de criminosos em busca de partes metálicas para serem vendidas - Rivaldo Gomes/Folhapress

Procurada, a SSP (Secretaria de Segurança Pública) informou, em nota, que o policiamento na região central será reorientado e intensificado. Já a prefeitura informa ter participado de uma operação no dia 19 de agosto para coibir a ação de comércio ilegal de compra e venda de metais.

Segundo os comerciantes, apesar disso, o problema persiste e os furtos continuam a ocorrer, sobretudo entre o período da noite e na madrugada. Ninguém foi identificado ou mesmo preso pelos furtos. A suspeita é a de que as peças são furtadas e revendidas. Alguns sustentam a tese de que as ações são praticadas por dependentes químicos em troca de uma porção de crack.

“O alvo é tudo que é de ferro, sejam partes dos postes históricos, tampas de ferro, grelhas, fiação, o que for. É um problema constante”, afirma Anderson Rocha, de 42 anos, integrante da Associação Viva o Centro.

Dados tabulados pela associação indicam que, do início de janeiro até o dia 3 de agosto, ao menos 142 estruturas metálicas, em sua maioria grelhas de esgoto e tampas de válvula de incêndio, foram furtadas. Pelos registros da Viva o Centro, o local onde isso mais acontece é na rua 15 de Novembro, onde 29 grelhas foram furtadas; seguida pela rua Álvares Penteado (26 furtos), outras 19 na 3 de Dezembro.

Os dados se referem apenas ao chamado triângulo histórico, delimitado pelos largos São Bento e São Francisco, e praça da Sé, num total de 54 ruas.

Segundo comerciantes, o problema não acontece só ali. Proprietário de um sebo que funciona em uma estrutura metálica que abrigava outrora apenas uma banca de jornais, Henrique Wagner, 44 anos, afirma que nos últimos meses seu estabelecimento vem sendo alvo de pessoas em busca de partes metálicas. “Levaram as duas laterais da banca, uma porta de uma espécie de armário externo onde as empresas deixavam os jornais. Ficou tudo exposto. Tive que fechar com cimento”, afirmou.

Antigo ponto de vendas de jornais na praça Dom José Gaspar, no centro de SP, a banca do Salim foi alvo de criminosos em busca de peças metálicas para serem revendidas - Rivaldo Gomes/Folhapress,

Ele disse que os responsáveis ainda não foram identificados. Henrique também não registrou boletim de ocorrência. “Já conversei com policiais e eles disseram que não havia o que fazer”, afirmou.

Outra vítima da ação dos ladrões foi a banca de jornais Corredor Cultural, de Silvestre Mendes de Oliveira, 57 anos, 23 deles à frente da banca . Ele conta que a primeira vez que partes da estrutura foram furtadas foi há quatro meses. “Levaram até a fiação da iluminação externa. No último mês vem se intensificando e achamos que podem ser alguns dependentes químicos que vendem em troca de drogas”, afirmou.

Ele diz que, devido ao furto de fiações, um trecho da praça ficou às escuras durante quase dois meses. “A prefeitura chegou a aterrar os fios, mas não adianta. Eles vêm e levam”, afirmou.

Nem mesmo a prefeitura sai ilesa. Algumas grades da praça, que adornam as jardineiras, foram arrancadas.

Criminalidade

A grita dos comerciantes não é à toa. Dados das quatro delegacias de Polícia Civil da área indicam alta no número de registros de furtos e roubos gerais (de todas as naturezas) no miolo da região central entre os meses de junho e julho, dados mais recentes disponíveis.

No 1º DP (Sé), a alta dos furtos foi de 9,27%. Já a quantidade de roubos registrados no 3º DP (Campos Elísios), foi de 23,6%, e a de furtos, 8,7%. Na região da Consolação, onde fica o 4º DP, a alta de roubos foi de 31,4%. O 77º DP (Santa Cecília), os roubos aumentaram 6,6%, e os furtos, 5,57% de junho a julho.

Resposta

Em nota, a SSP diz que o policiamento será reorientado. “O policiamento preventivo e ostensivo realizado na região central será reorientado e intensificado com base na análise dos índices de criminais e dos boletins de ocorrência registrados”, diz o documento

A pasta informou que em toda a região central, houve redução de 30,84% nos roubos e 27,19% nos furtos de janeiro a junho deste ano em relação a igual período de 2020.

Segundo a pasta, no primeiro semestre deste ano, foram ações conjuntas das polícias Civil e Militar possibilitaram a prisão de 400 criminosos em flagrante, a recuperação de 27 veículos roubados ou furtados, além da apreensão de nove armas ilegais na área.

A SSP disse ainda que efetivo atua por meio dos programas Força Tática, Rocam (Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas), Ronda Escolar, Radiopatrulha e Policiamento Comunitário.

Em relação à praça Dom José Gaspar, a pasta informou não ter localizado registros de boletins de ocorrência relatando depredações ou crimes de furto e roubo em bancas de jornais. “O registro do BO é importante não só para a investigação, mas, principalmente, para a orientação do policiamento nas ruas”, informa.

Também em nota a Prefeitura de São Paulo, gestão Ricardo Nunes (MDB), informou que a Subprefeitura da Sé realiza a manutenção e recolocação de grelhas e tampas de bueiro, quando furtadas ou quebradas, das ruas e calçadas da região central.

A prefeitura lembra ainda que no dia 19 de agosto integrou uma operação denominada Ferro-Velho que resultou no fechamento de 16 estabelecimentos na região central com o objetivo de combater o comércio ilegal, principalmente de materiais metálicos, em ferros velhos nos oitos distritos que compõem a Subprefeitura Sé: Bela Vista, Bom Retiro, Cambuci, Consolação, Liberdade, República, Santa Cecília e Sé.

A operação contou com agentes da Polícia Civil, e apoio da Guarda Civil Metropolitana e de empresas concessionárias de serviços públicos e privados.

“Na operação os agentes recolheram tampas de bueiro, grades, grelhas e fios de cobre, por exemplo, que haviam sido furtados das ruas e calçadas da capital”, informa a nota.

Em relação aos cabos de fios da iluminação pública furtados, a prefeitura informou que a Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento, por meio do Ilume, tem substituído os cabos furtados de iluminação feitos com cobre por cabos bimetálicos, composto por alumínio e cobre.

“O material dificulta a obtenção do cobre, principal alvo de interesse dos infratores, o que ajuda a coibir atos criminosos”, diz a prefeitura.

Em relação a casos de furto e vandalismo a semáforos, a prefeitura informou que a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) mantém conversas frequentes com a Secretaria de Segurança Pública, polícias Civil e Militar e a GCM para adoção de medidas de combate a essas práticas.

Pelos cálculos da prefeitura, entre janeiro e julho deste ano, a CET registrou mais de 2.764 casos desse crime, o equivalente a 13 semáforos danificados por dia. O número desse primeiro semestre representa uma elevação de 13,60% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram contabilizadas 2.433 ocorrências. Também entre janeiro e julho foram reinstalados 200 quilômetros de fiação elétrica nos equipamentos alvos de dano ao patrimônio.

“Para minimizar o volume das ocorrências, a CET tem feito o alteamento dos controladores semafóricos, a concretagem e soldagem das tampas das caixas de passagem da fiação, bem como das janelas de inspeção das colunas semafóricas. A população pode ajudar: ao flagrar um ato criminoso, denuncie pelo 190 ou 156”, informa nota da prefeitura.

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