A Polícia Militar da capital paulista testa, desde 1º de setembro, três carros elétricos na região de Pinheiros (zona oeste), para avaliar a performance dos veículos por 90 dias. A partir de um estudo, atualmente em andamento, vai analisar a eventual inclusão deste tipo de carro em sua frota, atualmente composta por aproximadamente 20 mil veículos, segundo a corporação —que já conta com viaturas blindadas.
O tenente-coronel Carlos Henrique Lucena, responsável pelo projeto, afirmou ao Agora, que os três veículos estão sendo usados pelo 23º Batalhão da PM, e pelas 1ª e 2ª Cias, todas atreladas a ele. Dois dos carros testados são do modelo Nissan Leaf e, o terceiro, BYD e5.
Segundo o oficial, o projeto tem como objetivos a economia de combustível —caso os carros elétricos de fato forem integrados à frota da corporação— além de redução na emissão de gases tóxicos e também como estratégia para uma eventual futura crise no abastecimento de combustíveis fósseis.
"Caso o resultado dos testes sejam positivos, durante o projeto-piloto, iremos confeccionar um relatório para balizar o comando [da PM] a deliberar sobre a possibilidade de aquisição de uma parcela de nossa frota com viaturas elétricas", afirmou o oficial, reforçando que somente após os 90 dias isso poderá ser confirmado.
Ele adiantou, porém, que nos primeiros 17 dias de testes [até sexta-feira passada] foi observado que as viaturas elétricas são 100% silenciosas, além de irem de 0 km/h a 100 km/h mais rapidamente do que carros movidos a combustão usados pela PM. Segundo testes da imprensa especializada, o Nissan Leaf leva menos de 8 segundos para atingir essa velocidade, tempo semelhante do utilizado pelo BYD e5. Como comparação, um Chevrolet Spin 1.8, um dos preferidos da frota da PM, precisa de cerca de 11 segundos para alcançar 100 km/h.
"Poucos sabem que a aceleração de 0 km/h a 100 km/h dos carros elétricos é mais potente do que [a] de carros com motor a combustão, que precisam de explosão [de combustível] para levar movimento, para a força motriz chegar ao eixo das rodas. Já os carros elétricos são automáticos, com menos peças intermediárias e aceleram mais rápido", disse.
"A missão da PM é a preservação da ordem pública, a ideia é inibir a ação [de bandidos]. Mas se a ordem foi rompida, o veículo elétrico conta com essa característica de aceleração superior ao carro movido a combustão", enfatizou.
O oficial acrescentou que os três veículos em fase de teste foram oferecidos gratuitamente pelas montadoras, após uma audiência civil pública. As montadoras também custearam a adaptação dos carros, de acordo com a PM, com sinais luminosos e GPS, por exemplo.
Tempo de autonomia
As viaturas elétricas testadas pela PM, segundo a corporação, contam com autonomia de até 400 km —no caso do BYD e5, o fabricando diz que ela é de 300 km. Em média, de acordo com o oficial entrevistado pelo Agora, uma viatura roda cerca de 70 km por turno de 12 horas.
"As viaturas elétricas contam com mais de dois dias de autonomia [considerando os 70 km por turno e o uso total da bateria]. Mas, da mesma forma que é feito com os veículos movidos a combustão, a orientação é a de que quando a carga do carro elétrico estiver em 50%, ele seja recarregado. Mas sempre há exceções", ponderou o policial.
Sobre o tempo de autonomia de veículos movidos a combustão, o oficial afirmou que, por causa da variedade de modelos atuais na corporação, "não é possível dar uma média."
A região do 23º BPM foi escolhida para os testes pois, segundo a PM, conta com maior diversidade de pontos de recarga para veículos elétricos. Um carregador de carros elétricos foi instalado no batalhão e nas duas Cias. da PM de Pinheiros.
O coronel Lucena não soube mensurar o número de pontos de recarga da região, argumentando que eles crescem diariamente, como em shoppings e empresas. Ele destacou que todos são gratuitos.
Os pontos de recarga, acrescentou o policial militar, variam nos níveis de kilowatts disponibilizados em cada local.
"Só para se ter um exemplo, se você colocar um carro elétrico para recarregar na tomada de sua casa, demoram em média 18 horas para recarregar de 0% a 100%. Já nas recargas das ruas isso pode variar de oito horas, em tomadas de 7 kw, entre quatro e cinco horas, em tomadas de 22 kw e, em média, uma hora para tomadas de 40 kw."
Os pontos de recarga, instalados nas três unidades da PM de Pinheiros, contam com 7 kw de recarga, disse ainda o tenente-coronel.
Os carros, segundo as montadoras
A marca japonesa Nissan afirma, na internet, que seu modelo testado pela PM de SP suporta até 40 kw de recarga em sua bateria.
Já o modelo Byd e5, da China, pode armazenar até 47,5 kw, segundo a montadora, dando cerca de 300 km de autonomia ao veículo.
Cada um dos carros custa, respectivamente, segundo preços sugeridos pelas montadoras, R$ 277 mil e R$ 230 mil.
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